domingo, 24 de novembro de 2013

Nova Antologia


A cidade dos pequenos sonhos, Capa e algumas poesias de Maria J Fortuna, junto à outros autores como Rosane Zanini.





Poemas de Maria J Fortuna, na Antologia  Cidade dos Pequenos Sonhos, editada na Suíça pela Editora Rosane Zanini


Dia de chuva

Corpo embalado

Pelas ondas do sem tempo

Sono tranquilo

Nas estrelas sem espaço

Vozes infantis

Como cigarras chamando chuva

Ecoando em meu corpo

Escuto o ploc ploc

Das perolas cristalinas

Caindo como flores d`água

nas sombras da infância.

 Maria J Fortuna

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Regentag

Körper, hin- und hergewogen

durch die zeitlosen Wellen

Ruhiger Schlaf

in den raumlosen Sternen

Kinderstimmen

wie Zikaden, die den Regen rufen

In meinem Körper widerhallend

Höre ich das Ploc Ploc

von kristallklaren Perlen

die wie Wasserblumen fallen

in die Schatten der Kindheit.

Maria J Fortuna

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Núpcias

Sinta-se à vontade

Sol que penetra nas fendas

Da porta lacrada dos meus sonhos

Hoje te dou bom dia

De braços aberto rompo a túnica do silencio

Quando sorrateira noite se arrastar

Trarei a donzela inocência

Com vestido bordado de raios de lua

E tu casarás com ela

 Maria J Fortuna

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Hochzeit

Du kannst dich wohl fühlen

Die Sonne dringt durch die Ritzen

der versiegelten Tür meiner Träume

Heute sage ich Dir guten Tag

Mit offenen Armen breche ich den Mantel des Schweigens

Wenn die hinterhältige Nacht am stillsten ist

werde ich Dir das Unschuld Fräulein

mit Mondstrahlen bestickten Kleid bringen

Und du, du wirst sie heiraten

Maria J Fortuna

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Cavalgada

Passei a noite cavalgando sonhos...

Vestida eu, em corpo de menina

Suspirei meus derradeiros ais

Quando a espuma das ondas do mar

Sussurrava-me segredos

No balanço da ressaca...

De corpo inteiro o amor brotou das águas

Galopava meus dias de ternura

Espargia perfume em toda orla do meu ser

Esperou até que o sol emergisse das marés

Com esperança nascendo nos braços do medo

Então segui, silenciosamente, na linha do horizonte...

Maria J Fortuna

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Ritt

Ich verbrachte die Nacht mit dem Reiten der Träume

Gekleidet in den Körper eines Mädchens

seufzte ich mein letztes Oh Wehe!

Als im Schaukeln der Brandung

der Schaum der Meereswellen

mir Geheimnisse zuflüsterte...

Die Liebe stieg aufrecht aus dem Wasser

Sie ritt meine Tage der Zärtlichkeit

und verstreute Parfumduft über mein ganzes Wesen

Sie wartete bis die Sonne aus den Gezeiten auftauchte

Mit der Hoffnung, die aus den Armen der Angst wuchs,

folgte ich dann, leise, dem Horizont...

Maria J Fortuna

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Os meninos

Onde estão os meninos

que enfeitam o tempo?

Ouço suas vozes,

quando o vento corre solto...

Com cheiro de pastilhas de hortelã

sujos de lama fresca da terra

que lhes dá guarida

Deitados na lua minguante

espreguiçam-se no tempo

longe das guerras...

Maria J Fortuna

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Die Knaben

Wo sind die Knaben,

die die Zeit schmücken, geblieben?

Ich höre ihre Stimmen,

wenn der Wind frei herumläuft...

Mit dem Duft von Pfefferminzbonbons

beschmutzt mit frischem Schlamm

was ihnen Unterschlupf gibt

Unter dem abnehmenden Mond liegend

faulenzen sie in der Zeit

weit weg von den Kriegen...

Maria J Fortuna

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As meninas e a santa

Nas mãos de duas meninas

a roupa de brocado da santa

O tecido filigranado

claro como nuvem,

pespontado com fios de ouro!

As meninas,

confundem-se ao ritual do pesponto

No baú dos antepassados

Elas sorriem com graça e beleza

algo assim diáfano

vestindo a Mãe de Deus

Numa janela,

que parece olho da eternidade,

a santa fita o mar...

pela janela do templo

Hoje,

não há mais meninas

O tempo às carregou

fingindo-se de imóvel

a santa sim, continua a

Olhar, olhar, olhar

o infinito no mar...

 

Maria J Fortuna

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Die Mädchen und die Heilige

In den Händen zweier Mädchen

liegt das Brockatkleid der Heiligen

Der filigrane Stoff

hell wie eine Wolke,

mit Goldfäden gestickt!

Die Mädchen,

lassen sich durch das Ritual des Nähens täuschen

In der Schatulle der Ahnen

Lächeln sie, etwas durchsichtig

mit Anmut und Schönheit

während sie die Mutter Gottes kleiden

Durch ein Fenster

das wie des Auge der Ewigkeit erscheint

schaut die Heilige auf das Meer...

durch das Fenster der Zeit

Heute

gibt es keine Mädchen mehr

Die Zeit hat sie mitgenommen

Und die Heilige, immer noch,

als sei sie gelähmt,

schaut schaut schaut

auf die Unendlichkeit im Meer...

 

Maria J Fortuna

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quinta-feira, 21 de novembro de 2013

A menina de cabelos vermelhos

Por absoluta falta de tempo para me dedicar a escrever uma nova crônica esta semana, estou repostando A menina de cabelos vermelhos, publicada em 2009. Muita gente que visita Artes e artes, ainda não leu.



Maria J Fortuna                    O leite, trazido por um jumento para o café da manhã, chegava bem cedinho. Eu tomava café com beiju e corria em direção à janela para ver a última atração da rua: uma menina de cabelos vermelhos!
                     Ela havia aparecido certa tarde na porta de casa. Minha irmã quem viu primeiro e gritou para mim: - Vem ver uma coisa muito engraçada... Corri curiosa para conferir o que ela estava dizendo. Dei com uma menina de uns 6 anos de idade, debruçada na janela de sua casa, só de calcinha, comendo uma goiaba. Nossa! Era verdade! Muito estranha aquela menina! Tinha sardas no rosto feito ferrugem e tinha cabelo vermelho, todo assanhado, parecendo raios de sol. Daqueles que a gente vê nos livros de estórias... Por que será que aquela menina havia nascido daquele jeito, com cabelos de fogo? Seria de uma raça de gente estranha, de um lugar distante que a gente não conhecia? Ou foi assim, de repente, que seu cabelo havia ficado daquele jeito? Pensava eu, nos meus cinco anos de idade. Será que ela ficou assim porque era muito levada, ou porque a mãe tinha aquele cabelo? Ou pai, quem sabe... Teria mais crianças de cabelo vermelho naquela casa? No quintal, havia um galo que tinha as penas da mesma cor do cabelo da menina, e meu pai dizia que era da raça dos ro-dis-lande, soletrava eu, mentalmente, sem compreender muito aquela palavra. Será que ela era ro-dis-lande também?
                    Estava chegando o Natal e com isto nossa casa ia receber uvas, passas, pera e maçã, coisa que a gente só vê por ocasião daquelas festas, no nordeste do Brasil. A menina devia ter vindo do mesmo lugar que aquelas frutas, pensei. Elas não eram comidas durante todo o ano no Maranhão. Só mesmo no Natal e Ano Novo. Assim mesmo, para quem tinha dinheiro. Não era nosso caso, mas o namorado da minha tia levava pra gente. Aquela menina só podia ter vindo do mesmo lugar... Era tão rara como o farnel das festas no final de ano... E quando ela fosse à escola? Será que iriam rir dela? Será que ela brincava como toda criança? Seria menos ou mais inteligente que o normal das crianças? Gostaria de pegar nos fios de cabelo da menina. Será que ela deixaria? Será que ela era feliz com aquela cor de cabelo?
                    Não fiz amizade com a garota. Nunca me aproximei dela. Até hoje não sei porque. Mas o acontecido, me faz refletir quanto às diferenças... Que infelizmente, na vida adulta, alimentam o preconceito. O que é um sentimento de agradável surpresa de uma criança para outra, é motivo de discriminação no mundo adulto. Claro que no nordeste moreno de cabelos e olhos escuros, uma menina de cabelos de fogo parecia de outro planeta! Algumas crianças que eram maltratadas em casa podem ter agredido aquele anjo ruivo, mas passa, quando outras crianças de cabelos vermelhos aparecem. O que, infelizmente, não ocorre quando o preconceito é alimentado e o sadismo anda solto...
                    Ficou a frustração de nunca ter brincado com aquela menina linda, e nem sequer ficar sabendo seu nome...

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Sou alguem preocupado em crescer.

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