domingo, 26 de dezembro de 2010

Feliz Ano Novo para todos os que acompanham Artes e artes!

Reflexões sobre o Ano Novo

Maria J Fortuna

Está quase estourando o Ano Novo por aqui! Todos os anos a mesma expectativa, alegria e sentimento de esperança! Aí vem pensamentos: para alguns, banhados de grande dose de otimismo; para outros, cuja expectativa é muito grande, um simples repeteco do que aconteceu nos anos anteriores.
Pelo meu lado, continuo sonhando com a Paz.
Que os passarinhos continuem cantando, as crianças brincando e que o ser humano se reconheça na simplicidade, de onde vem o mistério. E que as estórias de fadas e duendes grassem pelas avenidas da alma, anunciando o sonho, e que aceitemos as mudanças do outro, porque passamos a acreditar em nossa própria mudança.
Sinto que nós, seres humanos, somos cebolas ambulantes, que vão largando as cascas na medida em que vão amadurecendo. Para evitar o sumo da cebola, que nos faz chorar, podemos imaginar cada dia como novo nascimento – tipo casulo, onde a lagarta vai, primeiro construindo um lugar onde possa crescer e se transformar em paz. Num segundo momento, dentro dessa proteção, vivencia o silêncio da morte, da desesperança aparente. Por último, sair por aí voando, na ilusão que a beleza de suas asas traz. Conseguindo, por vezes, ofuscar o perigo ao transformar-se de frágil em poderoso e expondo-se aos quatro ventos!
Na verdade, eu gostaria que Israel fizesse as pazes com a Palestina, e que a Coréia do Norte mandasse aquele ditador baixinho para as cucuias. Vamos pedir ao Espírito Santo, juízo para Mahmoud Ahmadinejad. E que aquele povo pare de apedrejar mulheres e sinta que o amor e compaixão estão acima da Lei. E que não haja mais este tipo de barbárie sobre a face da Terra, que precisa muito de trégua, de descanso, de ser menos sugada e destruída!
E que morra o preconceito, fruto da imaturidade ou de uma deseducação dada por antepassados, que passaram a vida na Terra mas não reconheceram a Luz.
Tomara que, neste novo ano, tenhamos mais consciência do ser que habita em nosso centro. Com isso impeçamos a própria destruição. E que paremos de culpar os outros pelos nossos pecados. Tomemos a responsabilidade por nossas vidas e ações nas mãos e deixemos que o coração ocupe o lugar onde sempre esteve: no peito da gente, bem no centro. Como naquele filme do ET , que achamos tão feio, com coração luminoso que palpitava, acendendo e apagando sua luz própria.
Mais amor e compaixão para que haja misericórdia e perdão. Mais fé e reconhecimento de todo amor que, com certeza, temos para dar.
Assim acredito que estaremos em PAZ em 2011!

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Pessoal, na revista internética João do Rio, http://www.joaodorio.com/site/index.php, você encontra contos de João do Rio, Abilio Pacheco, André Viana, Lima Barreto e outros. E crônicas bem atuais de Gilson Nazareth, Peregrino Junior,Domi Chirongo, etc.
Maria J Fortuna faz parte desse bloco de cronistas.
Neste número em Crônicas Cariocas: Na Igreja de Sto. Antônio...
Na revista a gente encontra também, dentre outras novidades, Haicais, poesias e entrevistas. Apareçam por lá!

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Outro dia para o Natal de Jesus







Maria J Fortuna

Estou cansada, sabe? Todos os anos é a mesma coisa... Pessoas se atropelando nas ruas, na compra de presentes, um clima assim, como direi? Genuinamente comercial. Papai Noel para tudo o quanto é lado... A cidade vestida de cores através de suas lâmpadas, que abraçam prédios e árvores. Um rebuliço só!
Ainda posso me refugiar na Missa do Galo, no Mosteiro de São Bento, aqui no Rio, nessa data. Mas a Praça Mauá, á noite, é um tanto quanto perigosa... Com carro ou sem carro. Vou ter que abrir mão de ouvir os cânticos maravilhosos dos monges beneditinos, do perfume de incenso que me lembra a infância, que pena! Não creio que, fora daquela liturgia, eu possa sentir o verdadeiro espírito cristão. Pelo menos coletivamente.
Daqui a algum tempo, esta festa vai ser tão descaracterizada quanto o dia de Ação de Graças nos EEUU. Apenas invoca a paz e reúne as pessoas da família, alguns amigos para comer o peru, rodeado de delícias ou não. Com um enorme pinheiro enfeitado com bolas fluorescentes e luzes, ou não...
Ficará a tradição da festa vermelha e verde. As crianças vão ouvir que outrora, naquela data, celebrava-se o nascimento de certo Cristo. Reinará, então, o velhinho que emite aquele som: Ho Ho Ho e traz presente para os pequenos, ou não... Afinal toda celebração tem que ter o celebrado. Tem que ter um rei. Afinal, há tempos, Papai Noel é candidato ao papel principal. E vem ganhando disparado! Ouçam suas musiquetas, tocando incansavelmente por toda parte, como propaganda eleitoral! Principalmente dentro das grandes lojas e Shoppings. Viva Papai Noel, que aparece abastado, pançudo, emitindo os tais sons natalinos!
Precisamos, urgentemente, procurar outra data para comemorarmos o Natal de Jesus! Vinte e cinco de dezembro não está dando mais! Mesmo porque, a data não pode se restringir à comemoração nos templos cristãos. Dizem que o culpado de colocar este dia como seu nascimento, foi Constantino. Mas faz muito tempo... Vamos abrir os olhos... Afinal, como Deus, Profeta, Arquetípico, ou o que seja, na diversidade de interpretações, foi Ele quem nos trouxe, em sua doutrina de amor e perdão, um novo paradigma para a humanidade! Chega de “olho por olho,dente por dente!” De briga entre as religiões, que se desenvolvem na intolerância de seus dogmas. Não basta a Lei, precisamos da Graça!
Sem abrir o coração, ninguém pode comemorar seu Natal. Quem sabe elegeremos o mês de março para a memorável data? Longe de Papai Noel. Dizem os estudiosos e alguns agnósticos conhecidos e reconhecidos, que Ele é pisciano. Vou ficar muito feliz com esta confirmação, porque também sou do signo de Peixes. E, para mim, Jesus é Luz, em seu estado mais límpido e brilhante, que ultrapassa todos os limites humanos e nos traz as verdadeiras lições de amor e humildade. Uma importante proposta para transformar os corações e salvar o planeta. Que acham?

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010


Recebi de Eliane Accioly, o prêmio Dardos. Agradeço o incentivo e o apoio que tem dado a Artes e artes. Este prêmio favorece tanto aos blogueiros quanto as pessoas que desejam ler blogs éticos, criativos e de bom gosto. E creio que precisamos muito disso.

Blogs premiados:

http://agoraoununca-light.blogspot.com/

http://zmauricio.blogspot.com/

http://anajacomo.blogspot.com/

http://dimansinho.blogspot.com/

http://delasnievedaspet.blogspot.com/

Geraldo Eustáquio de Souza
José Mauricio Guimarães
Ana Claudia Saldanha Jácomo
Monica Puccinelli
Delasnieve Daspet

Pérouges



Não podia deixar de mostrar uma foto de Pèrouges, onde fica o Atelier de Annete Queyras Winckler

Annette Queyaras e seus violinos







Quando estive na pequena cidade medieval de Pérouges, vila medieval da região francesa do Ródano-Alpes. A vila, lozalizada no alto de uma colina circundada por muralhas do século 12, conservou sua arquitetura da Idade Média. Lá eu vi pela primeira vez o atelier de Annette Queyras Winckler, artista plástico cuja a inspiração em instrumentos musicais, leva-o a conceber variações sobre o tema. Interessante e bonito o trabalho desse artista!

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

A marca de Caim








Maria J Fortuna


Ela era de uma coragem a toda prova, mas tinha o coração de casca de ovo. Não era a toa que abria mão das coisas que poderiam fazer-lhe feliz... Talvez por isto, de vez em quando, tinha acessos de loucura. Havia dia que queria medir o vento. Noutro, queria ficar nua para beber água da chuva. Mas tinha consciência do seu estado emocional descompassado... Lambia seus sonhos como último refúgio para ficar um pouco contente. Tocava o sexo para aliviar tensões e esquecer o medo. Ah! As fantasias que corriam soltas como redemoinho em sua mente cansada... Depois... Bem, depois não sabia o que fazer de si mesma. Não podia esquecer que seu traço louco era sua marca de Caim. Deus puniu Caim, mas o protegeu. E ele foi pai de muitas gerações com nome na Bíblia e tudo. Deus podia protegê-la, mas não do seu traço doente, dos pensamentos obsessivos que lhe assaltavam a mente com tal intensidade que chegavam a paralisar seu curso de vida, já tão sacrificado. O jeito que tinha era acolher e conviver com a loucura, porque não tinha outra saída. Assim foi vivendo, esperando que a lua se apagasse com a chegada do sol. Com uivos de lobo aos seus ouvidos. Chegou a ponto de sentir apagada a Luz de Deus. E todo o seu universo ficou às escuras dias e dias... Quando indagava porque tanto suplicio, a resposta era sempre a mesma: não tinha resposta.
Os anos se passando e a dor continuando. As amigas casando, os filhos dos outros crescendo e ela ali a ver navios... Louca para trançar seu corpo num corpo de homem em que, nus, podiam se abraçar e espantar seus pesadelos em noites sombrias... Mas não iria adiantar. Homem nenhum agüentaria presença tão distante quando a obsessão a carregava do mundo em sua presença de sombra. Levantava a noite e escrevia: “- Por que é assim comigo? Que mal fiz pelo amor do santíssimo nome de Cristo?” Até que um dia seu pensamento a seduziu com uma sugestão: “- Ignore seus delírios e diga para si mesma que você não se identifica com eles...” De certa forma foi um alivio. ”- Não sou esta face doente que me atormenta, sou bem maior do que ela! “, repetia mentalmente. Mas o traço doente veio dos antepassados e tinha muito poder sobre ela! Trazia nos genes aquela loucura coletiva, herança maldita em algum antepassado... Avós, bisavós, tataravós... Quem? Alguém que tinha aquela marca de Caim. O que poderia nascer disso tudo? Seria escrava dos comprimidos que amenizavam apenas amenizavam o medo que causava a maldição?
Aconteceu numa noite de insônia. Mergulhou as mãos numa argila que estava abandonada num fosso perto de casa. Pegou um bocado e começou a amassá-la. Primeiro com ternura, sentido-a fria e úmida. Depois começou a apertá-la com força. Quanto mais a apertava, mais a massa lhe escapava, pelos dedos. E mais os maus pensamentos lhe fugiam ao controle, como azougue, misturando-se ao barro. Aquela massa informe, fria e com odor de terra era gostosa de apertar. Podiam ocultar inclusive todos os segredos do seu coração, deixando que sua ternura represada se misturasse a ela. Depois veio o surgimento de uma forma. Alguma coisa nascia dali. No inicio temeu que pudesse brotar da argila algo disforme, que pudesse aumentar o medo de si própria. Mas sentiu que teria finalmente um controle sobre o que não queria moldar. Surgiu de suas mãos lamacentas a forma de um feto. Misturou novamente a massa retirando-lhe os pedaços em ritmo de rejunte. Apertava, beliscava, batia nela com ardor. Depois, moderando a ansiedade viu outra forma nascer e daí por diante em muitas outras noites de insônia, buscava beleza na harmonia e pureza das formas que brotavam de suas mãos. Busca interminável! Todas as peças que produzidas eram ensaios, nunca estavam completas. Ela não estava completa. Nada é completo.
Ali estava a explicação para sua mente perturbada: seu tormento havia-lhe conduzido ao encontro com os loucos que haviam habitado e existem numerosos e anônimos pelo planeta. Não estava mais sozinha. Era uma artista!

Nota: Gostaria de saber a autoria desta genial figura que ilustra o texto.

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Sou alguem preocupado em crescer.

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