quinta-feira, 30 de junho de 2011

Da Europa



Gente, não deu tempo de escrever que eu estou na Europa este mês. Aí vocês me veem, no interior do TGV, o chamado Trem Bala, estou na França, indo para Paris.

Com certeza quando chegar conto a viagem toda. O que senti ao ver o Mont Saint Michel, os Campos de Lavanda, o Show dos Pássaros em Lyon e outros lugares lindíssimos!


Até breve!

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Uma Voz em tom maior - reprise



Maria J Fortuna









Hoje, o ser eterno falou para meu ser finito:
- Você é maior do que a dor dos seus ossos.

Escutei a voz da Consciência, que habita meu corpo há mais de sessenta anos!
– Você é maior do que seu corpo, insistia.

Experimentei uma nítida sensação de estranheza, como se eu não estivesse ouvindo estas coisas pela boca dos que estão a par desta verdade uma vida inteira! Como se eu, já há algum tempo, não me sussurrasse estas palavras, quando as dores da vida se hospedam em meu corpo. Mas a voz falava em tom novo, em nova cor.
Tudo era tão simples como o ato de jogar miolo de pão aos pombos... Ao mesmo tempo tão bizarro... Quase ridículo, que tanta grandeza podia caber num corpo tão frágil! Mas não coube duvidar, ouvia a voz que insistia:

- Você é maior do que seu tempo cumprido e do que há de vir. Maior que suas fantasias... Maior que seu medo e pecados. Maior do que sua loucura! Não. Não era fuga... Nem tão pouco magia... O que eu estava escutando era mais verdadeiro que a presença do sol na Terra. O que causa estranheza é que sendo tão maior do que meu corpo, ecoa e habita nele... Por que cargas d água estou neste planeta tão dilacerado, onde as pessoas passam fome e, quando comem, estão sujeitas, muitas vezes, a engolir venenos? Sujeitas a consequências das tragédias ambientais, que elas mesmas provocam...

O que este eu maior faz dentro de mim? Por quem me toma? Lembrei-me dos meus antepassados e de suas consciências frente ao perecível, a morte. Por que, mesmo assim, trazem filhos à vida? O que os levou a crer que eu, por exemplo, poderia sair-me melhor do que eles frente às limitações do tempo, ao inevitável? Por um acaso tiveram consciência de que eram maior do que eles mesmos?

- Você é maior que tudo isto... Continuou a voz interior.

Senti-me num circo, onde os maiores desafios de equilíbrio são mostrados em meio a uma festa, onde as pessoas perdem a noção do perigo! Num picadeiro, onde as coisas mais incríveis acontecem! Eu, voando num trapézio, de uma situação a outra, de uma emoção a outra, expondo corpo e alma ao perigo. Tendo que confiar em outro trapezista, que estende as mãos para me segurar, mas que pode falhar. Como domadora de leões fantásticos que me habitam o coração e que, quando rugem, deixam-me de cabelo em pé, frente a meus próprios desejos! Andando na corda bamba dos acontecimentos derrapantes do dia a dia... E o palhaço que sempre brota dentro de mim quando um risco maior aparece? E a platéia? Sem ela o circo não acontece. Ser expectadora de mim mesma... Enfrentar o picadeiro com galhardia. Um compromisso existencial de vida e morte... Pensei tudo isto...

E a voz persistia...

- Você é bem maior do que o perigo.

Quando uma vela está prestes a se apagar, pensei, a gente se junta à chama de outra que esteja próxima. E assim por diante... Mas se sou maior do que eu mesma, tenho essa luz própria. Mas onde está o gerador desta luz? Quem acendeu o eterno dentro de mim? Uma vez eterna, sou luz perene. Para isto há que eu esteja ligada a um gerador Maior cuja Luz sempre existiu...

Aí voltei no tempo e me vi pequenina no cais do porto...Fui receber minha família, da qual eu estava apartada fazia mais de ano... À medida que o navio foi se aproximando, eu fui experimentando uma felicidade tão grande no coração, mas tão imensa, que era quase insuportável esperar mais um pouco para abraçar meus pais e irmãos! Por pouco não me lancei nas águas escuras no cais. Foi uma das maiores felicidades que senti na vida! Naquele momento, no amor, tornei-me maior que eu mesma!

Todos os recados visíveis da Luz Maior nos são dados pela Natureza que destruímos. Pela inocência das flores, animais e crianças. Pelas alegrias dos encontros amorosos e do amor presente até nas dores do mundo.

Talvez seja por isto que eu e meus companheiros de jornada, estejamos neste corpo finito e perecível, mas com uma Luz maior do que nós mesmos. O objetivo cósmico talvez seja este: fazermo-nos entrar em estado de felicidade suprema ao regressar ao fogo de origem. Tornarmo-nos Um com Ele no Amor.

Assim foram aquelas horas da madrugada em que uma voz, dentro de mim falou, amorosamente, que sou maior que eu mesma e finalmente eu acreditei e confiei.

domingo, 5 de junho de 2011

A semeadura de Joyce





Maria J Fortuna


Passei bons momentos esta semana, lendo Longos trechos de dias líquidos, de Joyce Cavalcante.
Filha de cearense que sou e nascida numa Ilha – a de São Luís no Maranhão, senti cada palavra, cada frase, cada período desse livro, onde a autora, magicamente, trabalha seus personagens, com pinceladas molhadas no azul do mar! “Restou-me o mar ao crepúsculo, que entrando pela janela do meu quarto me emoldurou a infância.” A obra possui grandes trechos em prosa poética, onde o centro de tudo é a mulher com gosto de sal e frutos do mar! Não foi á-toa que li de uma vez, prazerosamente, essa obra, respirando lembranças da minha Terra natal e evocando meus antepassados...

Na verdade, Joyce é uma escritora que nasceu com o dom de semear. Não só o faz quando, através dos seus livros, deixa os leitores envolvidos numa energia de encantamento, como também porque convoca e congrega suas irmãs de sexo, a comparecerem ao mundo das letras, divulgando suas obras. Assim semeou a REBRA ( Rede de Escritoras Brasileiras). Depois , regou-a com carinho. Assistiu, com paciência, ao brotar da semente que ainda cresce, de tal forma que seus galhos e ramos já mostram associadas de vários Estados do Brasil e até no exterior! São ramificações de uma árvore que está se tornando adulta e dando inúmeros frutos! São várias Antologias publicadas pela Rede, que promovem a mulher que vive de sua arte literária. A última dessas Antologias, Show de Talentos, foi lançada no Salon du livre de Paris recentemente, com muito sucesso e a próxima brotará na Espanha.


Faço parte da semeadura de Joyce, deste admirável sonho concretizado: a REBRA! Todas as semanas, vejo meu trabalho em Artes e artes, divulgado para todas as que compõem essa Rede, que aumenta a cada dia. Outro dos meus contentamentos, que são vários, é descobrir fantásticas escritoras, como Eliane Accioly, Norália de Mello Castro e Rosane Zanini. Esta última convidou-me a participar de duas de suas Antologias. Com as três, mantenho ativa correspondência, onde trocamos ideias e comentamos nossos trabalhos respectivamente. Há muitos outros talentos, de grande categoria, divulgados pela Rede, o que nos deixa, a nós participantes, orgulhosas!


Uma dos mais nobres objetivos da REBRA é o resgate histórico da literatura feminina no Brasil. Joyce percebeu o quanto é importante fazê-lo, pois tudo o que queremos, como mulheres, é o reconhecimento também dos talentos de nossas inesquecíveis antecessoras.
Por fim, coloco aqui, as palavras desta mulher corajosa que acrescenta, soma naquilo que sabe sabiamente conquistar:
“Crescemos para conquistar espaços e estamos conquistando espaços porque crescemos. Muito conseguimos e ainda mais está a ser conseguido. Somos uma dinâmica. Mulheres em permanente movimento, como exige o próprio ato de criação, o motor que nos impulsiona e faz caminhar”


Quem sou eu

Minha foto
Sou alguem preocupado em crescer.

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