sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015





Os sete anos de Artes e artes


 
Quero partilhar com vocês  minha reflexão sobre o sétimo aniversário de Artes e artes. Durante esses anos, posso dizer que conheço mais sobre o homem moderno, suas correrias, a dificuldade de comunicação, que agora é feita por celulares e através de redes sociais. Isso me fez diminuir a expectativa em relação ao interagir com  os leitores. Quase não há mais tempo ou lugar no mundo moderno para feedback.   Percebi que,  mesmo os que dantes davam retorno, agora silenciam. Raramente e, quase sempre através de e-mail, alguns poucos se manifestam comentando alguma coisa.  Apesar da estatística do blog mostrar que a frequência é numerosa. Mesmo dos que vivem fora do Brasil.  
Refletindo sobre isso, fui me adaptando. Já não tenho mais a expectativa dos primeiros três anos. A comunicação moderna agora é rápida. Estou vivendo a “geração corre-corre” e faço parte dela. Compreendo melhor o leitor.
Por outro lado, continuo minha jornada de escrevente com entusiasmo!  É muito bom sentir que determinada matéria está pronta para compartilhar com os que têm interesse em frequentar o blog.
 O que era escrito nas madrugadas, agora o faço pelas manhãs, antes de iniciar qualquer outra atividade. É muito gostoso sentir que nesses sete anos fui me redescobrindo. Ao vivenciar o mundo das artes plásticas, posso escrever com mais propriedade sobre o assunto. Ou seja, sobre as pessoas que frequentam esse mundo. Isso é muito gratificante.
Já com bastante experiência, analisei tudo o que escrevi até aqui, minunciosamente.  Percebo novo estilo se consolidando. Há um denominador comum entre uma crônica e outra, um conto e outro.  Se antes ficava um pouco perdida na forma de me expressar, agora começo a dar as primeiras braçadas regulares num mar de possibilidades literárias. Estou pensando num primeiro livro de crônicas, graças ao exercício de postagens no blog. Um livro que posso ilustrar com o aprendizado desses anos, inclusive em desenho e da pintura.
Descobri, sobretudo, que Artes e artes ajudou-me mais do que qualquer outro empreendimento que eu tenha realizado  anteriormente. Este espaço,  portanto , tornou-se sagrado para mim.  Porque melhora a escrita e disciplina meu coração apressado. Além de valorizar ainda mais o encontro com outros artistas, acolhendo-os com carinho na simplicidade desta página cibernética.  Tudo isso é muito bom!
Por tudo isso, sinto-me feliz com o sétimo aniversário de Artes e artes! E compartilho com vocês, leitores queridos,  minha alegria!

 
Maria J Fortuna

terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

Os dois caminhos de Rosana Diuana







Maria J Fortuna

Conheci  Rosana Diuana nas aulas da inesquecível professora Maria do Carmo Secco, no Parque Lage, em 2012. Aqueles olhos verdes e sonhadores deitavam o lápis no papel- jornal onde fazíamos exercícios de desenho,  e de lá saiam formas espantosamente bem estruturadas e cheias de criatividade! De vez em quando, surpreendia algumas de nós desenhando uma e outra colega como  modelo vivo.  Rabiscava rapidamente, quase sem tirar o lápis do papel. No desenho abaixo retrata nossa saudosa mestra Maria do Carmo.


Dali a algum tempo, começamos pintura em tela com acrílico. Ela nos chamava atenção pelas pinceladas rápidas, fazendo brotar na tela  figuras familiares copiadas de fotos que trazia de casa. Era surpreendente a relação que ela tinha e tem com a tela e a habilidade que logo mostrou em relação ao uso das tintas! Com isso chamou atenção da mestra que passou a aconselhá-la a optar, entre o Direito e as Artes Plásticas, por esta última. Isso porque ela é pós-graduada em Direito Público e Privado, pós-graduada em Magistratura do Rio de Janeiro. Trabalhou como Conciliadora e depois Juíza Leiga  e agora trabalha como Advogada.

Em 2013, por indicação de Maria do Carmo Secco e do artista plástico Daruich Hilal, já comentado em Artes e artes,  começou o curso de Pintura I com o professor Luiz Ernesto. Em seguida, como ouvinte no curso de Questões Práticas-Teóricas da pintura na contemporaneidade, com os professores Bruno Miguel e Luiz Ernesto. Em 2014, começou Pintura II com o professor João Magalhães, permanecendo até hoje. São professores excepcionais, segundo ela, cada um com seu estilo próprio. “Generosos e extremamente cultos, e que trazem um olhar sobre cada um dos meus trabalhos", confessa.  Aí ela tem o desafio diante das análises desses mestres, considerando um estímulo que impulsiona a vontade de superar as adversidades que surgem.



De pintura com figuras familiares partiu para um estilo muito interessante onde retrata figuras de Disney na cidade grande, que surgem daqui e dali como Pato Donald, Batman, numa comunhão entre a realidade e a fantasia:





Rosana nos fala que desenha desde que se entende como gente. O desenho para ela  é  uma janela para um mundo diferente, com cores e forma, declara. “A arte sempre me fez sentir capaz.” Achava a realidade muito difícil e sempre achou que seu caminho para a arte seria natural. Mesmo sentindo que tinha uma desculpa para seguir outro caminho. Foi aí que naquela ocasião, optou pela Faculdade de Direito com a mesma paixão que alimentava pelas artes plásticas. Acreditava que podia conciliar os dois caminhos. Boicotando a sua entrada no Parque Lage por um bom tempo, onde sempre sonhou estudar, entregando-se por grande espaço de tempo ao Direito.
Ao ser indagada sobre o que significa pintar para  essa carioca, esposa, mãe,  artista nata,  respondeu que é quando ela se sente respirando... E que prefere a pintura ao desenho. E pretende seguir pintura profissionalmente e acrescentou:
“Os meus quadros não são pensados, são sentidos. Acho que até por isso acabo pintando muito rápido. Tenho urgência de externar. O que está a minha volta transparece de alguma forma no meu trabalho. Um filme, um livro, uma pessoa andando na rua. Gosto muito de olhar para o rosto das pessoas que cruzam meu caminho”.
Atualmente está desenvolvendo uma linha mais realista, dramática. Já tem inúmeros trabalhos em andamento. Podemos ver este para termos uma ideia da sua nova fase:



Perguntamos sobre os artistas que podem ter influenciado sua obra e ela responde que todo artista sofre influências do meio. E que são muitos os que a influenciaram como Caravaggio, Michael Borremans, Eduardo Berliner, Fábio Baroli, Rodrigo Bivar, Ana Elisa Egreja... e outros.

Creio que em muito breve, seu trabalho será reconhecido. Vejo muitas exposições onde ela vai nos mostrar seu grande talento. E o sucesso será certo. Faz tempo que contemplo com grande admiração suas obras! Torço para que encontre uma forma de conciliar a artista e a advogada, já que ama seus dois caminhos.
https://plus.google.com/u/0/_/focus/photos/public/AIbEiAIAAABECNe2-pft9ZPAiQEiC3ZjYXJkX3Bob3RvKihlOTZkNDA0NTFkMjhhZDM1NzY1MmY1NzZkMDMwYWNjMWZhYThkZmM3MAGAAjnbGPBfDT2znCFrBVawII-2uw?sz=24


sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015


A « Madalena em êxtase » : o último Caravaggio redescoberto



La Repubblica noticiou em primeira página dia 24 de outubro: « Encontrado o original do ultimo quadro de Caravaggio, Madalena em êxtase ». Desse quadro, havia diversas cópias posteriores mas o original estava sumido.
A maior especialista em Caravaggio, Mina Gregori, atesta que o quadro, que se encontrava em uma coleção privada na Europa, é o verdadeiro. As obras de arte só passaram a ser assinadas pelos artistas no século XIX, daí a dificuldade de certificar obras mais antigas.
Desenho de Madalena em êxtase do artista francês Ernest Pignon Ernest, a partir de Caravaggio.

 

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

O sonho de Silas





Maria J Fortuna

 
Com o tempo, como as árvores, nossos corpos idosos  trazem  folhas amarelecidas, mas as verdinhas continuam brotando, cada vez em menor número é certo,  mas continuam brotando... As folhas amadurecidas que não se seguram nos galhos são nossos momentos vividos que se tornam lembranças. A vida tem o esterco do dia a dia que nos prepara para cada nova semeadura.  Os momentos não vividos, talvez por circunstâncias adversas, não se perdem.Transformam-se   em  sonhos. Só a esperança aduba a vida.  Mas... Quem disse que um velho tronco de árvore não traz novos brotos?
Assim foi o caso de Silas, que aos 80 anos não perdeu a esperança de encontrar e reconhecer o  filho,  que ele bem sabia, fora semeado no sertão de Icó, no Ceará. E cada um dos novos brotos que cresciam em seu coração prenunciava que ele havia de realizar o seu sonho: abraçar aquele rebento que ainda não conhecia. Ultimamente ele sentia urgência no ar. Aviso de fim de estação. Era por isso que almejava tanto abraçá-lo ainda nessa vida.  Estaria no Rio de Janeiro para onde correm os nordestinos por causa da seca? Ou em São Paulo? Nunca mais soube da mãe do menino nem da família com quemela   vivia.  Quando forte caboclo das florestas, ele podia embarcar na onda do machismo e dizer aos amigos:  - Não sei quantos filhos tenho por aí... Soltando em seguida uma gargalhada, mas à medida que foi ficando mais velho, começou a sentir um vácuo, algo oco dentro da alma, por falta da presença dele, do filho, que poderia amar e abraçar. Pois perdera todos de vista: os parentes e amigos. Agora estava velho e só.
De vez em quando recebemos parasitas que nos escolhem como hospedeiros. Principalmente quando somos idosos.  E a gente se engasga nessa convivência mal digerida. Com isso vamos aguentando  os espasmos da  angústia.   Ás vezes há urgência em vomitá-los, os hóspedes,  antes que queiram se apossar de nossas almas. Não era o caso de Silas. Ele,na verdade,  pagou caro pelo desejo de ficar livre de tudo e de todos ao escolher liberdade plena. Mas não pensou na erosão do tempo que é tão renitente  e não deixa  nada no lugar.  Vai  nos fazendo  dependentes de outras pessoas mais jovens à medida em que começamos a secar.  Ninguém precisava dele e nem ele parecia precisar de ninguém. Também não tinha hábito de ficar a sós consigo mesmo. Como acontece conosco, nós os ocidentais,  ele tinha  enorme dificuldade para se autoconhecer. Lidar com suas dificuldades. Contudo não quer isso dizer que não tenha cobrado de si mesmo essa busca.  Mas a pressa em ganhar a vida o distanciara ainda mais desse primordial encontro.  Sobretudo o medo de amar e perder, próprio dos que passam a vida  correndo de si mesmos. Mas que nome teria seu filho a quem ele não havia dado  nome?
Sonhava à  noite com a mãe, fisionomia severa, mãos nas ancas lhe ordenando:
- Silas, vá buscar seu filho!
As veias das árvores já cansadas são pequenos rios caudalosos que desaguam no coração. Como as águas dos rios, correndo silenciosas nas veias e artérias do corpo. Assim o ancião sentia necessidade de alimentar o coração adivinhando como seria o filho.  Chegava a vê-lo parado a sua frente: alto e moreno como ele, olhos castanhos e cabelos revoltos. Talvez com o mesmo tique de esfregar os dedos da mão esquerda uns nos outros e a paixão pela natureza e pelas mulheres ou pela natureza nas mulheres. Foi por causa disso que essa paixão nunca virou amor e não quis saber dos seus frutos.
Não há pistas... Parece tarde demais!...

domingo, 1 de fevereiro de 2015

Quem tiver no Rio de Janeiro, não perca!

Espaços Culturais

Kandinsky: Tudo Começa num Ponto

 
  
 
A mostra, inédita na América Latina, revela as ideias do artista abstracionista. Organizada em cinco blocos, a mostra exibe também obras de outros artistas, que influenciaram e se relacionaram com Kandinsky. Entre os blocos, o público poderá observar as raízes de sua obra em relação à cultura popular russa, o universo espiritual do xamanismo no norte da Rússia, a experiência do artista na Alemanha...  mais
Centro Cultural Banco do Brasil - RJ
Rua Primeiro de Março, 66Centro - -
(021) 3808-2020
bb.com.br/cultura
- Estac. grátis.
- Ar condicionado
- Acesso para deficiente
De 30/01/2015 até 30/03/2015






Forma de pagamentoCartões de crédito:
Todos, Amex, Aura, Cabal, Diners, Elo, Good Card, Hipercard, MasterCard, Sorocred, Visa

O quarto assombrado

Do filme Sombras da Noite
 
Maria J Fortuna
 
Moro num apartamento em um prédio que tem mais de 60 anos, em Laranjeiras, no Rio de Janeiro. Na época da sua construção, eu era ainda criança. Lembro-me da alegria do simpático português que se casou com minha tia, ao ver o edifício quase concluído. Casaram tarde em idade para a época.  O certo é que a construção ainda não estava pronta para ser habitada, quando o consorte da minha tia morreu. Infarto fulminante! Dizem as más línguas que foi por contrariedade porque minha tia não apreciava as relações conjugais. Mas outros disseram que foi pelo esforço de subir as escadas do prédio ainda sem elevador, por várias vezes durante a semana.  Esse esforço era pra ver como ia o acabamento da obra. E talvez sonhar com o dia da mudança. O certo é que o português foi-se, com menos de um ano de casado com minha tia.   A escritura do imóvel demorou  a sair com sua morte, e por algum tempo esta dificuldade se prolongou, causando mal-estar em toda família. O apartamento ficou com maus fluidos, diziam alguns. Muito pesado, diziam outros. Não moro lá de jeito nenhum, falavam os que conheciam a história do mesmo.
Bem, mas voltando ao apartamento,  naqueles idos anos de 50,  uma vez pronto para ser habitado, mudaram-se para o imóvel, novinho em folha,  as três tias: a mais velha com mais de sessenta anos, também viúva, cujo marido havia deixado esse mundo de forma duvidosa:  ninguém ficou sabendo se fora assassinado pela tripulação do navio, que conduzia com mão de ferro, ou havia se suicidado. A primeira hipótese é a mais provável porque, segundo contam, ele era bem carrasco com seus comandados. A outra tia, solteirona, trabalhava nos Correios e Telégrafos, e tinha um velho namorado com quem ficava conversando no banco da praça, de mãos dadas, como se tivesse quinze anos.  Finalmente a viúva do português com quem viveu apenas nove meses.
Durante esses anos de vida no 602, as tias viveram bem. De vez em quando pintava  disputa afetiva entre as irmãs mais novas, que queriam ser preferidas da mais velha, mas nada grave. Depois de certo tempo, a tia solteirona teve um câncer no estômago e veio a falecer prematuramente. A mais velha, amorosa e saudosa da irmã, despediu-se dessa vida logo depois, com a mesma doença, ficando a mais nova sozinha no apartamento. Mas não por muito tempo. Apareceu outra irmã solteirona, professora aposentada e mais velha, que foi entrando e se aboletando no apartamento sob os protestos da tia solitária. Essa viveu alguns anos com a irmã e faleceu aos 102 anos de idade por causa de uma pneumonia.
Foi aí que eu entrei na dança. Vim morar com a tia sobrevivente, que agora está com 104 anos. Durante os treze anos em que estou vivendo no apartamento, nunca dormi no quarto grande da casa onde moraram as tias que se foram...  Como acompanhei de perto a dor e agonia dessas pessoas ali entre as quatro paredes daquele cômodo, as lembranças ficam muito vivas quando ali penetro e não consigo dormir. Lembro-me da fala de uma, o andar da outra, os gestos e até o olhar das três. Preferi então ampliar o quartinho da empregada e morar ali. Até que chegou o verão 2015! O quartinho não tem ar refrigerado e o ventilador de teto não é o suficiente para espantar o tórrido calor que se fez sobre o Rio de Janeiro. Resisti o que podia! Fiz tudo para não dormir no quarto em que viveram minhas antepassadas... Mas  lá tem ar refrigerado!  Achei melhor então fazer balanço das qualidades e virtudes de todas elas. Procurei sentir a afetividade com que me envolviam desde que nasci. O carinho, o cuidado, as gentilezas. A bondade que existia no coração de cada uma. Como eu e meus irmãos fomos ajudados por aquelas criaturas! Bobagem pensar apenas no lado do sofrimento; elas viveram bem à moda delas... Eram pessoas doces.
Na primeira noite foi difícil, confesso. Mas a partir da segunda o ambiente foi ficando mais leve. Afinal, ter passado para o outro lado da vida não quer dizer que deixaram de me amar e quem sabe têm agora, sem seus corpos, outra forma de estar presente amorosamente ou nunca mais vieram por ali, o que é mais provável. No mais o que elas fariam entre quatro paredes com todo o espaço para voarem livres e soltas?
Ah! Calor do Rio de Janeiro faz a gente superar até medo de fantasma!

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Sou alguem preocupado em crescer.

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