quinta-feira, 30 de julho de 2015

O Pardalzinho Desconfiado na Escola

Muito feliz por ser autora do Pardalzinho Desconfiado!



A magia do abstrato nas telas de Tânia Veiga



Estar diante de obras não figurativas gera-me, a principio, sentimento de estranheza.   Não me é fácil entrar em contato com o abstrato em qualquer arte, se não for pelo caminho do sentir. Como neófita nesta aventura, primeiro absorvo o impacto, em seguida a percepção das formas, das cores e finalmente a harmonia do todo, que considero a essência da pintura.   Ai as coisas vão se acomodando dentro de mim, familiarizando-se com os sentidos, entrando em comunhão, sendo tocadas pela alma.  Assim ocorre cada vez que me sinto desafiada nesse sentir do que se passa numa tela abstrata, no que o autor quis dizer, o significado das pinceladas que não obedecem a um modelo. Assim foi quando passei a observar as telas de Tânia Veiga.



 Levei em conta o que diz JC Guimarães: “Compete à pintura, enquanto arte do sentido da visão, explorar todos os recursos existentes de expressão de que dispõe. Como, aliás, faz a música com as notas, para o ouvido”. Percebo que este também é um dos caminhos pelos quais percorro quando me coloco frente ao desconhecido. 



“São formas orgânicas que não se definem, tentando construir e desconstruir confunde o observador, com formas simples e traços indefinidos. Nele a transparência aparece, confundindo fundo e imagem. As cores em tons neutros terrosos e pouco luminosas se superpõem, revelado a rusticidade expressiva de sua obra”, alguém comentou na sua última Exposição.

Como amante da musica das cores, sempre tive afinidade com tons pastel, cores discretas e formas simples e transparentes.  Encontrei nas obras desta pernambucana que vive no Rio de Janeiro desde 1977, forma delicada de pintura abstrata que, por causa disto, passa em seus trabalhos sentimento de indispensável harmonia  e leveza! Não dispensando cores fortes para algumas de suas obras com formas geométricas e outras com alegre colorido.




“A artista, sempre em busca da beleza plástica, ao mesmo tempo primitiva, percorre o universo das cores, tentando nutri-las com mistura e superposições”, alguém assim interpretou sua obra.
Como desde cedo, manifestou seu amor à arte, tintas e pincéis, sempre fizeram parte do seu cotidiano da artista.





Além da pintura,  Tania, estudou restauração, na Universidade Santa Úrsula. Trabalhou como estilista de moda durante vinte e cinco anos. Paralelo a este trabalho, fez vários cursos de artes visuais, tais como: cerâmica, modelo vivo,  historia da arte e pintura livre. Teve como orientadores:  João Magalhães, José Maria, Jean Guido, Nelson Lermer, Luiz Ernesto frequentando a Escola de Artes visuais do Parque Lage

Dá gosto contemplar as obras de Tânia Veiga, sem pressa... Ela traz certamente essas cores e formas,  para suas telas, em decorrencia do seu estreito contato com a Natureza!



quarta-feira, 22 de julho de 2015

A sementinha que não queria brotar na visão do escritor Mhario Lincoln






A SEMENTINHA QUE NÃO QUERIA BROTAR é outro clássico infantil de Maria J. Fortuna. No fundo é um grito ecológico infantil de larga escala. Um livro grandioso com uma mensagem gradiosa, principalmente no diálogo entre o menino Nonô, livre, e uma sementinha que tinha medo de brotar por ter escutado sobre as barbaridades feitas pelo homem com relação à natureza: queimadas, desmatamentos etc.
É um diálogo grandioso, eloquente, escrito de forma suave, como se o texto tivesse asas para sobrevoar o imaginário etéreo de um mundo futuro. Acho que até este livro, nenhum autor (pelo menos aqueles que já li na literatura ifantil) enfatizou com tanta acuidade interpretativa um tema de tão difícil entendimento.
Quase vou às lágrimas nos parágrafos finais (não vou contar, claro) quando Nonô reencontra aquela sementinha que não queria brotar, e ambos, praticam um diálogo fascinante, Digno dos grandes clássicos de nossa literatura nacional e internacional.
Portanto, conterrâena e amiga, receba o meu abraço carinhoso e meu muito obrigado por escrever livros tão reais e tão comoventes, todos, indeléveis. Com eles, ainda ambalarei a consciência de meus netos futuros. O mais velho (e único, até agora,) está entrando nos 13 anos, a idade da pré-adolescência. Aguenta vovô!
Maria de Jesus Fortuna Lima, seu nome de batismo, escreveu também "O anjinho que qeria ser gente", uma fábula linda que retrata a consciência humana de forma esplendorosa.
Faço minhas as belas palavras de Gislaine d'Assumpção, ao apresentar a obra: "Quando a humanidade tomar consciência de que a Morte não existe como fim, que é apenas uma passagem para outras dimensões da realidade, o mundo será diferente. 'O Anjinho que queria ser Gente' vem preencher essa lacuna existente na literatura infantil, que tem muito pouca coisa publicada sobre o tema".
Gislaine tem razão. Na literatura infantil, esse assunto encontra-se abordado de maneira incipiente. Alguns estudiosos chegam a destacar a ausência do tema morte na literatura infantil brasileira.
Porém esse livro de Fortuna preenche esse vácuo. E me lembrou a lápide de minha irmã primeira, falecida ainda bebê: "Era do Céu... e para lá voltou...".
Li com grande emoção no peito, e comparando o texto às histórias que minha mãe me contava sobre essa minha primeira irmã (anjinho de cabelinhos negros e encaracolados").
Grato Maria Fortuna.

Reflexões

http://precesemcaledoscpio.blogspot.com.br/

quinta-feira, 16 de julho de 2015

A vigilia


           
                                                                                                                   Maria J Fortuna


Eram raras as noites em que Luma dormia. Quando isso acontecia, no dia seguinte ela acordava energizada e, de forma ansiosa, aproveitava o breve bem-estar  para realizar tarefas que estavam a sua espera durante dias e dias.. Algumas há anos... Mas, o tempo de vigília era curto e as tarefas acumuladas eram muitas... Com isso sua vida produtiva parecia acidental e quase todas as suas ações eram perdidas, partidas, como se ela soubesse o caminho para o fim da jornada, mas devido a inúmeras encruzilhadas, o caminho se tornasse tortuoso e desanimador. O que mais lhe angustiava era não poder sentir com clareza a finalidade de sua existência.
No mais, na rotina do dia a dia, saia-se bem.    Fazia de tudo para não deixar transparecer sua face insone.    O tempo se passava e ela se sentindo como zumbi. Sempre foi assim, desde o dia em que, sozinha numa bolsa de estudos em Londres, aos 22 anos, teve  acesso de pânico ou coisa parecida. Voltou para o Brasil, mas não era mais a pessoa corajosa que partiu para o desconhecido. Voltou frágil e não ficou mais que um ano ausente.
Ao chegar, foi internada, pelos amigos, num Hospital Psiquiátrico. Sofreu com a medicação agressiva e eletrochoques. Levou algum tempo esquecida, mas aparentemente recuperada.
Assim estudava, trabalhava e se relacionava com as pessoas. Mas tudo parecia muito distante, irreal... Quando não a deixavam com os nervos a flor da pele, ficando agressiva, mas por breve período. Sabia como se controlar.
            Em estado de semialerta, não conseguia sentir sua própria presença no que fazia. Poupava ouvidos e coração de músicas que mexiam muito com suas emoções, como os  clássicos e cantos gregorianos. Nada de contato com o que lhe tirasse o esforço para viver a realidade. Mas qual delas? Aquela que vivenciava sem dormir ou a outra em que viviam os mortais?
Assim se passaram 50 anos de sua existência. Sem poder realizar o que sempre quis: ser pianista e falar alemão. Como aprender alguma coisa se a insônia roubava-lhe a capacidade de memorizar alguns fatos corriqueiros?   Mal havia aprendido a falar inglês por sobrevivência. O que não diria em relação ao aprendizado de notas musicais e novas palavras? Tudo lhe trazia assustador tédio...
Algumas pessoas a chamavam de desligada, outras de pacífica, zen e até de uma sábia exótica figura. Só havia uma vantagem... Aquela de não dar muita importância às tragédias que se desenrolavam a sua volta. Tudo parecia pequeno diante daquele estado de insônia! Nada substituía a dor de não estar vivendo as cores fortes dos fatos da vida, por mais dolorosos que fossem.   Queria entranhar seus pés na terra, viver em contato com a vida natural, no campo, nas montanhas, no mar. Alienar-se do mundo capitalista, devorador, desumano. Procurar aconchego no corpo da verdade e no corpo das pessoas que amava e desejava, mas sem intimidade para tal. Queria  esquecer os medos, que não a deixavam dormir... Queria confiar...
Além do tédio, ruim eram as alucinações provocadas pela insônia.  Conforme a brabeza da vigília noturna, via coisas e loisas... De uma forma obscura e dispersa. Algumas, ela deixava pra lá; outras, as fantasias delirantes chegavam a ameaçar sua integridade física. E como tudo aquilo para ela era um caos e o sofrimento indivisível, não se ocupava muito com o que a maioria das pessoas fazem: brigas, confusões, guerras pessoais, comemorações, festas, e outros.

Não se queixava de nada. Nem da falta de amor, que era avassaladora, ou das doenças que ameaçavam chegar de mansinho, anunciando idade mais avançada. Contava apenas com  requintada sensibilidade para as coisas belas. E isso a aproximava de uma realidade maior, transcendente,  que estava sempre presente: um outro despertar!   Isso a ajudava a não se identificar com as alucinações que lhe traziam as noites insones. E chegava a conviver bem com elas. Desde que não contasse a ninguém, para não ser chamada de louca. Mas isso não a livraria da briga com o tempo. Jamais!

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Sou alguem preocupado em crescer.

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