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quinta-feira, 29 de setembro de 2011
Coisas da alma...
Maria J Fortuna
Era pra eu estar escrevendo sobre Barcelona... Mas hoje estou inquieta com as notícias que me chegam pela TV. Com isso, não sei onde escondi uma poesia que andei escrevendo durante * o passeio por aquelas paragens. Quando isso acontece, fico que nem leão, naquela jaula apertada, que eu nem sabia, quando pequena, porque o felino passava de lá para cá, até cair exausto, coitado... Era por causa da sua liberdade roubada pelos humanos... Os seres que buscam a liberdade, incluso o homem, não podem viver definitivamente sob a ditadura dos códigos da moral e bons costumes.
Por isso eu creio que minha aspiração por embarcar a outros recantos da Terra é muitíssimo válida. Meu ímpeto é de percorrer uma longa estrada sem curvas. Aquela que se perde no infinito... Até descobrir que o fascinante é dobrar nas curvas que a gente não sabe para onde vão, nas encruzilhadas que desafiam o espirito.
No meu caso, o ir e vir na jaula do leão é escrever sem parar, até que o sono chegue, já que, no momento, não posso viajar nem dentro de mim mesma. Mais uma vez renovo a promessa de que não vou mais ouvir os péssimos noticiários dos nossos canais de TV.. Poupar-me-ei das coisas que ferem o coração. E me indago por que temos tanta vocação para o sofrimento? Por que, de vez em quando, flagro-me entrando num beco sem saída. Por quê? A intuição me avisa, mas teimo em não ouvi-la, por quê? E aí penso nas minhas viagens...
Quando visitei os Jardins de Monet e as rosas de Versalhes, pensei: é muito ruim ir embora. Seria tão bom ficar ali, curtindo aqueles jardins da velha casa do gênio pintor e assistir * ao desabrochar das rosas de Versalhes... Como é boa a sensação de que * é importante viver e aprender, estando ali, naqueles recantos da Europa, inteiramente sem compromisso... Passear no Jardim de Luxemburgo, na França, assistir ao por do sol no canal de Florença, na Itália, assistir à dança * flamenca nas cavernas dos ciganos lá em Sevilla, na Espanha, ou navegar no mar azul rumo as Ilhas Gregas... E tantos outros belos recantos mais! Podia eu ficar por ali, esquecida de voltar, como se não existissem problemas, e a alma se alimentasse apenas de novos lugares com suas histórias... Com a beleza das novas pessoas e as magníficas obras de Arte dos diversos Museus.
Imagino que Gaugin resolveu abandonar a família para ir morar com as nativas de Honolulu, para salvaguardar-se da normose da sociedade onde vivia. Assim como os monges e monjas, deixam ainda vivos, a Terra, para viverem unicamente para o grande Amor Divino. Tal como Charles de Foucault partiu para o deserto e ali viveu até o final dos seus dias.
O que quero dizer é que estou um pouco cansada de solitárias viagens interiores, das grandes reflexões, dos parágrafos difíceis, das teorizações. Talvez seja por isso que não consigo encontrar aquela poesia escrita no caminho de Barcelona. Se bem que, em poesia, não se teoriza. Valeram os versos que fiz ao vivo, na viagem, em contemplação viva ao belo. No fundo, quero * libertar a poesia do papel. Deixá-la no coração, aquecida pelas boas lembranças.
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