Maria J Fortuna
Ninguém é mais belo do que aquele que
amamos. Que o digam os verdadeiros amantes! Lembro-me do feioso Dr. Milet,
pediatra dos meus sobrinhos. Quando acabava alguma amorosa consulta, ele
perguntava à criança: - Sou feio ou sou bonito? No que a maioria respondia:
Bonito, você é bonito! Ele, então, dava gargalhadas, acompanhado pela mãe do
pequeno cliente.
Meu irmão mais velho, que nasceu como
um feto de cinco meses, pesando menos de dois quilos, foi extraído de nossa mãe
por fórcipe alto. Ela sofreu horrores! Contam que o bebe tinha a cabeça
grande em relação ao pequeno e frágil corpo, marcado pelo instrumento
cirúrgico. Disseram-me também que seus olhos eram saltados como de um
sapo! Quando foi colocado nos braços maternos, minha mãe só viu beleza!
Disse que o filho era um anjo que veio alegrar sua vida! Odiava ouvir meu
pai dizer o contrário. Ela preparou uma roupinha de pierrô para esconder o
esquálido corpinho do filho no seu primeiro carnaval. Ocultou a
cabeça marcada num gorro. Mas era seu menino
lindo, seu anjo!
Quem, ao ter o amado(a) nos braços não
sentiu a fragilidade do ser, contrastando com a força do sentimento que se faz
brotar no coração daquele que ama e que o torna capaz de tudo para ver
seu belo amor feliz?
Esse sentimento de plenitude tem suas
manhas e pouco liga para preconceitos e situações que são consideradas absurdas
pela sociedade humana. Lembrando a pintora inglesa Dora
Carrington, vivida por Emma Thompson, no filme “Carrington”, que
se apaixona
por Sylton Strachey, um escritor assumidamente homossexual e mais velho quinze
anos, no filme do inglês Christopher Hampton. Dora viveu este amor até o fim
dos seus dias. E ficou desesperada quando ele partiu. Outro
relacionamento amoroso intenso foi o da poetisa Elizabeth Bishop pela arquiteta
Lota Macedo Soares, tema do filme Flores Raras, brevemente em
cartaz.
O amor na lenda de Tristão e Isolda,
escrito, cantado e musicado por Wagner e que faz tantos olhos lacrimejarem ao
sentir o coração inflamado pela idealização, em plenitude daquele sentimento,
não chega aos pés do mútuo amor de um casal que desafia o tempo e a violência
das grandes cidades, e ainda tem coragem de gerar filhos neste mundo ameaçado
pela gana de poder e descrença nos valores universais.
Tereza de Ávila, através da
espada de um anjo, foi ferida no amor de Cristo e levada ao êxtase naquele
momento. Alguns interpretam o êxtase de Tereza como orgasmo.
Só o amor consegue a façanha de reunir
o sagrado e o profano, sem resvalar para a promiscuidade. Tornar belo o
considerado feio, pois legitima o prazer corpo-alma em suas variadas formas.
5 comentários:
Adorei Maria!!!!!!!!!!!!!!
Você vai se superando, sempre!! Parabéns! Beijos, Beatriz
Eliana Angélica de Sousa
19:29 (4 horas atrás)
para mim
Só mesmo o Amor para tanto! Achei graça do médico dos sobrinhos!!! rsrsrsrs
Parabéns!
eliana
Mirian Menezes de Oliveira
há 4 horas
Bela crônica de Maria J Fortuna, escritora do Rio de Janeiro e integrante da Rede de Escritoras Brasileiras. Parabéns, minha linda!
Mirian Menezes de Oliveira e Beatriz Campos curtiram isso..
Adriana Brito Maria!!! Linda sua crônica!!! Bjs
há 13 horas via celular · Curtir (desfazer) · 2
Norália de Mello Castro, por e-mail:
Finalmente abri seu blog e li sua nova crõnica: amei, lindas palavras, mas acho que gostei mais do que você escreveu sobre Andreia... fabuloso mesmo...Parabéns, amiga. amei ler seus textos. Abraços,
Norália
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