sábado, 8 de março de 2008

Dia internacional da mulher



Quebrando a forma

Maria J Fortuna

Em meio a um turbilhão de acontecimentos de uma Nova Era que está surgindo no Planeta, vejo a mulher quebrando a forma em que estava revestida durante logos anos de descriminação e marginalidade. Uma forma hipócrita e absurda de se deixar encobrir. Camadas de preconceitos que, escondidos no véu negro da ignorância, fazia a mulher ficar trancafiada dentro de si mesma num estado de inconsciência do seu próprio corpo e do corpo sócio-político que a cercava.
Uma vez se auto-despindo, enfrenta sua nudez mesmo cheia de feridas. O ar que liberta regenera seu ser. E este vento de liberdade sopra sobre ela cicatrizando tais feridas.
Assumir a sua própria identidade desperta seu animal interior. O que faltava para juntar à doçura de Maria a bravura de Joana Dárc.
Pisoteando valores ultrapassados, abrindo mão de relacionamentos desgastados e ditatoriais, reconhece finalmente sua essência.
Nesta jornada tudo se arrebenta dentro dela como a semente em seu útero no ato de gerar um filho. Ela se torna mãe de si própria. A mulher está parindo seu próprio ser e emerge de suas próprias cinzas
Para que não se perca no burburinho da vida cotidiana, há que se esvaziar da sedução do consumo desenfreado de um capitalismo selvagem que se alimenta da inconsciência das massas menos favorecidas e do oportunismo de alguns.
Há uma consciência maior de que prejudica seu processo de crescimento, Torna-se essencial que se sinta um ser de transcendência mas tenha bom senso de não cair na fantasmagoria ou misticismo e reconheça suas arapucas.
Na mitologia o deus Hades rapta Perséfone para o mundo dos mortos. Isto significa amor entre a donzela e o rei do mundo oculto. A mulher grávida de sabedoria, mas sem consciência disto. Assim como viveu durante séculos, salvo pequenas exceções. A própria natureza alimenta sua alma. Dá sementes, flores e frutos.
O mundo patriarcal é enfim superado e o respeito a si própria, o resgate de sua dignidade e do seu enorme potencial emerge em algumas novas sociedades humanas.
Já não cabem os horrores da mulher agredida pelo macho, apedrejada pelo mundo mulçumano, castrada em algumas sociedades africanas.
Deixa de ser sinhazinha mimada a espera de um bom partido que lhe garanta sustento e conforto. A subserviência ao marido, mascarava a hipocrisia da sociedade. Onde prostitutas e escravas negras poupava sua virgindade. Contudo casava-se menina e morria, prematuramente, de parto.
É necessário que se quebre de vez esta forma arcaica e sem nenhum sentido. Apagando da memóri o antigo padrão de mulher que em sua convivência com o marido algoz, criava machos dominadores para reprimir outras donzelas que também eram criadas para serem dominadas por seus maridos. Que seja mãe de homens verdadeiros.
E que a forma seja de barro para que , ao quebrar-se na primeira chuva de verão, derreta para sempre seus pedaços e misture-os a terra que tudo engole e mesmo passado muitos anos, é capaz de reciclar.
Que não sejam aprisionadas num manto ou mutiladas por um sistema perverso. Mas que aprendam a desfrutar todo o prazer que seu corpo lhes dá.
Não vejo mais a mulher-criança obrigada a engolir seu desejo e despojar-se dos seus sonhos.
Que todas as minhas irmãs de sexo, de uma geração cheia de contradições e revolucionárias na mudança de costumes, quebrem pra valer suas formas.
Que o nascimento da nova mulher seja cheio de harmonia e beleza apesar das cicatrizes. Que deixem sair de si mesmas não só o ser humano de amanhã mas ela própria, luminosa, inteira, corajosa, rindo de seus medos e de suas fraquezas. Participando e sendo respeitada na sociedade onde vive nas diversas profissões que abraça.
Assim amará seu homem como companheiro de jornada. Cúmplice na criação de outros seres livres, plenos de si mesmos.
Tenho certeza que esta nova mulher transcende o mistério de sua própria natureza!

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