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segunda-feira, 28 de setembro de 2009
domingo, 27 de setembro de 2009
Erotíssima e a nova mulher de sessenta

Maria J Fortuna
Estamos num novo tempo, para nós, mulheres de sessenta! Se antes desta idade, aos cinquenta, a gente investisse num novo romance, ou falasse e escrevesse algo “apimentado”, fatalmente seríamos chamadas de “velhas assanhadas”. Mas, agora,estamos nos sentindo mais confortáveis para soltar a sensualidade como flores vivas ao longo do caminho. Pelo menos, para algumas mulheres corajosas da chamada “terceira idade”, prefiro chamar de renascimento da mulher sessentona!
Nestes novos tempos, um erotismo maduro, sem apelações, forjado pelos anos de experiência e fantasia, deixa-se mostrar de forma espontânea, poética e requintada, através de pinturas, esculturas e poemas, como os de Clevane que se nega a ficar invisível por causa da idade.
Estou entusiasmadíssima com o lançamento desta sua nova obra! A autora canta a beleza, em ricos e refinados poemas, na linguagem universal do erotismo feminino, que não tem idade. Não resisto à tentação de colocar aqui uma amostra de um dos seus poemas, em que homenageia a poetisa Yeda Schmalt, que igualmente escrevia poesias eróticas de muito bom gosto:
Calcinhas para tirar:
Depois de passar um bom tempo
Escolhendo, com apaixonado olhar
a prever delírios, calcinhas rendadas
vermelhas, cavadas, sensuais e sedosas
depois perfumadas com água de rosa
percebo que aparece uma bela borboleta
para cobrir a rosa da espécie“Príncipe Negro”
onde o vermelho é muito escuro
e seu botão bem mais rosado
Essa coberta leve e ousada
vestida apenas para ser tirada
é uma estratégia feminina
para a guerra de “huns” e “ais”
que acontece entre lençóis
No tálamo.
Erotíssima, esta deliciosa obra que foi lançada na Bienal do Livro, este mês, no Rio de Janeiro – RJ, vem com formato livro de bolso, ótimo para ser mostrado, a quem ainda não conhece.
Clevane é psicóloga, jornalista, escritora de muitos títulos e prêmios. Recebeu no Festival de Inverno de Ouro Preto e Mariana, primeiro lugar de Poesia e o Troféu aBrace (Uruguai/Brasil) de 2008 e nos XXIII Jogos Floroais de Algarve – Portugal, ganhou primeiro lugar com sua crônica Contraponto
domingo, 20 de setembro de 2009
Imaturidade

domingo, 13 de setembro de 2009
Querer por inteiro

Foto da Galeria do Armando
Maria J Fortuna
Na novela das oito o sacerdote brâmane Shankar diz a seu filho que se quiser o amor de Maya terá que querer por inteiro. Isto me fez refletir muito a cerca da verdade que existe em nós. Querer por inteiro, seja o bem ou o mau, é a expressão lógica de inteireza dos sentimentos. Se me sinto dividida como poderei querer algo em sua totalidade? Quantos quereres não se concretizam por falta de apoio em nosso centro? Talvez por nos encontrar despedaçados, alquebrados, descoloridos. Como posso, assim, ter êxito nas minhas escolhas? Fácil por a culpa na vontade de Deus ou num implacável destino. São poucas as vezes que o querer, associado à determinação, concretiza nossos sonhos e nos faz caminhar em direção aos nossos objetivos. Por que nos parece tão perigoso este querer redondo que pode partir para a vertical ou horizontal no traçado de nossas vidas?
Refleti em quanta sabotagem fazemos conosco mesmos para impedir que aquilo que queremos (pela metade), logicamente, não se concretize. Por que? Esta é a pergunta que me fiz, recapitulando meus anos de vida e avaliando as vezes que me neguei aos apelos do coração. Passando, inclusive, por cima da intuição de que aquela escolha seria acertada. Parti muito meu querer como se parte um biscoito.
Por que viver momentos áridos se desejando a chuva, mas não querendo que ela aconteça pela possibilidade de vê-la transformar-se em tempestade? De onde sai o medo que não nos permite o batismo de novas e saudáveis escolhas? Por que, afinal, não querer de forma plena? Seria falta da consciência de que tudo é perene e o tempo não espera para amadurecer e deixar cair o fruto não comido? O vinho não degustado?
Onde está o Graal por quem o rei Arthur tanto lutou, com seus cavaleiros da Távora Redonda? O que nos despedaçou, como se o amor humano fosse feito de vidro, sem chance de se renovar? Até onde nos deixamos influenciar pelo medo do tombo ou do raio quando caminhamos sobre nossos pés?
Quando, finalmente, chegaremos a querer de forma plena, o encontro da dama com seu cavaleiro dentro de nós e, juntos, deixar que o cálice seja sorvido na caverna que representa o coração humano?
Depois de larga reflexão, ficou claro para mim que, na maioria das vezes, apenas desejamos, não queremos. Querer por inteiro é muito perigoso.
sexta-feira, 4 de setembro de 2009
Ó Minas Gerais!

Cheguei a Belo Horizonte num dia em que o céu chorava que dava dó! Tinha como referência uma frase muito citada para definir os mineiros: eles são desconfiados! Quem me conhecia dizia que eu não iria me acostumar jamais com aquele povo muito diferente do carioca e do nordestino. E eu sou “maranhoca” (mistura de maranhense com carioca). Mas não foi assim... A chuva da solidão foi passando de mansinho quando conheci o espírito mineiro, que alguns chamam de mineiridade. Um jeito gostoso de se aproximar e dialogar, e vontade de ajudar, no que pode. Diante de alguém em dificuldade fala: Ô dó!... Mas não no sentido pejorativo que coloca as pessoas debaixo do chinelo, mas como sinalização, um SOS, a ser atendido. Bem, comigo foi assim.
Aquele acolhimento lambeu muito das minhas feridas. Eu estava só, numa época difícil e ameaçadora, com apenas uma carta para certo Padre Agnaldo arranjar-me emprego. Fui morar em quarto alugado, no Prado, um bairro bem familiar, cheio de ladeiras, igual a tantas das ruas daquela cidade. Namorei um rapaz, tocador de violão, que me fazia serenatas, e convivi com inúmeros mineiros na minha faixa etária, que vinham do interior estudar ou trabalhar na Capital. O pessoal de outras cidades era muito especial! Dependendo da região, o sotaque é muito peculiar! Se forem do sul, o “r” é quase que engolido, e os que vem do norte de Minas, o sotaque é mais parecido com os viventes do nordeste deste imenso país. Mas aqueles foram meus companheiros de juventude! Tempo brabo de ditadura militar, quando vi muitos mineiros arriscando a própria vida para esconder um companheiro.
Morei em república, pensionato, porão, barracão, casa, apartamento, quarto em casa de família, o escambau! Mas sempre com uma presença mineira gostosa, cooperadora, amiga enfim.
Com o tempo, quando me dei melhor profissionalmente, viajei por inúmeras cidades de Minas e sempre encontrei um queijo fresquinho, com cafezinho. Além da rosca, broa de fubá, pão de queijo, etc
Com meu jeito nordestino acariocado, aprendi com o mineiro, a aprimorar mais o bom senso, ser mais discreta, moderada, escutar mais do que falar. O mineiro pode ter jeito de matuto, mas é um sábio em potencial. Foi lá que aprendi a ter respeito pelo meu suado dinheirinho. Afinal, nunca o mineiro revela sua poupança e, com o tempo, a gente se surpreende de como emprega bem suas economias. Aprendi a me divertir, sem me arreganhar. Proteger meus sentimentos e os do amigo, que não é trocado por um simples conhecido.
Esta terra montanhosa, cheia de cachoeiras mata adentro, tem cheiro de pureza, simplicidade e valentia. Muito raro encontrar um mineiro mal humorado. Quando contamos piadas, observa-nos com ar de seriedade, como se não estivesse fazendo parte da brincadeira e, de repente, você se surpreende com uma tirada que deixa você morto de rir! Pode até brigar, imprensar o amigo no cantão, mas depois que vomita sua mágoa, enche-se, novamente, de amor. Haja vista, quarenta anos de encontro com minhas amigas mineiras para um bate papo e um chopinho, ao som de música ao vivo, quando vou às Alterosas! Trabalhamos juntas no Hospital Júlia Kubistchek, no fim da década de 60. Duas já se foram. Ficamos quatro. Mas o encontro é religioso, quando comemoramos os aniversários dos três últimos meses, com fotos, presentinhos e tudo o mais.
E como há poesia e serenata pelas terras de Minas! Como cantam, festejam e escrevem tão bem! De Itabira saiu Drummond, de Divinópolis, Adélia Prado e muitos outros naqueles rincões!
Seja em Belo Horizonte, Ouro Preto, Mariana, Poços de Caldas, Pedra Azul, Montes Claros, etc, mineiro tem o traço inconfundível do acolhimento e hospitalidade.
Adoro quando ouço aquelas frases cheias de palavras pronunciadas, pela metade juntando tudo, como “procê vê”, “gosto docê”, “ô trem!”. É música para meus ouvidos!
Já que Minas me adotou pra valer por trinta e sete anos, introjetei muito do jeito especial de ser daquele povo! Procê vê, sou também um bocado mineira, uai!
quarta-feira, 2 de setembro de 2009
terça-feira, 1 de setembro de 2009
Peça recomendada

Recomendo muitíssimo!
A poesia de Cecília em frase da semana
Cecilia Meireles
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