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sexta-feira, 8 de outubro de 2010
Como se veste a alma...
Maria J Fortuna
Em Florença, eu estava na fila para visitar a Galleria Degli Uffizi. Parecia uma Babel! Mistura de línguas e raças como eu nunca havia visto antes! Exceto quando fui visitar a Torre Eiffel em 2008. Todos na expectativa de contemplar a beleza das obras de autores medievais e renascentistas como Giotto, Rafael, Leonardo Da Vinci, Caravaggio e outros talentos. Então, me veio a seguinte observação: interessante como a alma se veste... e a questão: existe hereditariedade para a alma? A homeopatia unicista diz que sim. Os reencarnacionistas afirmam que a alma se veste das mais variadas formas desde sua criação. Mas há uma corrente que fala que reencarnamos na mesma família... Mas, onde está a matriz adâmica de quando a alma se vestiu pela primeira vez? Havia diversidade de tipos nascidos em climas de regiões diversas, com traços de sua raça original, como o turco que falava sem parar em minha frente e o japonês que carregava um guia enorme embaixo do braço, bem atrás de mim.
Quando consegui entrar no Museu, que naquele dia era gratuito - por isto a fila grande – ao contemplar as obras de arte, a questão continuou: onde dentro da alma, revestida pelo corpo fica o ninho da Beleza? O que provoca tal expressão do ser em obras de tal forma abençoadas? Por que alguém tem o dom de esculpir um David com tanta perfeição e outro “ O nascimento da Venus” com tanta poesia? A luz que banha a alma do artista, de onde vem? Qual a motivação que impulsiona alguém a passar anos aprimorando as linhas do sonho e pintando com cores tão harmoniosas?
Creio que, ao longo da escala evolucionista, um belo dia, o homem, como obra de Deus desde o início, sentiu em seu coração as primeiras fagulhas do fogo criador herdado do Pai, quando experimentou pela primeira vez a percepção do belo. Creio que aí passa a residir o Espírito Santo. Com o tempo, a labareda que não queima, mas ilumina, se propaga por todo seu ser vivenciando, com isto, o êxtase. E são momentos eternos, posto que a capacidade criadora continua a residir na alma quando a vestimenta se vai... E deixa rastros notáveis como nas telas de Da Vinci.
Estampadas nas telas do Louvre ou na Galeria Palatina, estão figuras obscuras e iluminadas, dramáticas e cômicas, belas e deformadas. Mas o extraordinário é como podemos sentir que há beleza no feio e feiúra no belo, desde que tenha sido criado com a chama interior que transcende nossa capacidade de compreensão.
Na fila para sair da Galeria, assisti à festa do mês da vindima, no centro de Florença. Carros de boi traziam garrafas bojudas e coberta de palhas de vinho acompanhado dos tradicionais “fiaschi impagliattimo .Observei como algumas mulheres com roupas de dama e camponesa têm rosto de Madona e alguns homens de Perseu, João Batista ou Cristo. O que estava estampado nas telas, eu podia ver pelas ruas estreitas de Florença. Haja vista que no coquetel humano, predominava a raça ariana, presente na maioria das obras de arte da Europa.
A alma se veste de infinitas formas, mas a Presença do Espírito só é percebida em seu centro – no Belo, para dizer melhor.
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3 comentários:
Amiga querida, amei sua viagem na alma , arte, espírito, tempo, eternidade, que seria da vida do amante observador sem a diversidade, sem o questionar, que seria da Poesia. Obrigada Mariinha por mais esta sua maravilha. beijos, mony
As almas sensíveis - e você é uma delas - são instruídas de um modo todo especial mediante o que é belo.
Cacarina deixou um novo comentário sobre a sua postagem "Para os que não leram":
Que coisa mais querida sua percepção de tantos olhares diferentes... Suspirei de emoção!
Um abraço,
Claudia
Postado por Cacarina no blog Artes e artes em 8 de outubro de 2010 19:06
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