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quinta-feira, 6 de outubro de 2011
Amor silencioso...
Maria J Fortuna
Chegou para justificar minha existência, mas não se permitia ouvir. Na verdade sempre pareceu que nunca deixara de viver dentro de mim. Como o tempo... Seus passos silenciosos visitavam-me no berço quando eu era ainda um bebe recém-nascido. Mas sua presença estava na minha respiração, nas batidas do coração... Éramos um, portanto...
Sem dúvida havia planejado, minuciosamente, a manifestação do meu ser no Seu Ser. De como eu havia de me expressar diante do mundo. De que cor usaria para compor a grande tela da humanidade. De que som seria minha voz na grande orquestra do mundo e como soariam meus passos pelo caminho das estações. Sabia das minhas interrogações e dúvidas, que viriam.
Como todos na Terra, vim do Seu ventre. Sondou as marcas dos antepassados em cada célula do meu corpo e nada pode fazer para limpar a ilusão original que me veio através do sangue, por ascendência. Herdaria, por isto, uma máquina humana mais frágil. Porém forjou meu coração para se abrir às alegrias e o fortaleceu para aguentar as dores e todas as emoções e sentimentos possíveis. Não sem antes confirmar sua Presença e a promessa de ser refrigério para minha alma.
Confiava em que eu reconheceria Seu Filho, que nasceu, cresceu e morreu antes que eu brotasse por aqui, porém é a maior manifestação do Seu Amor, de sua Presença, entre os homens. Pois o verbo se fez carne e habitou entre nós, e caminha de mãos dadas, no Amor, com aqueles que o reconhecem.
Com isto mostrou a face da transcendência, maior do que qualquer outra, porque não se acaba nunca! Sendo inteiramente incondicional deixa-me livre para seguir por ai, neste planeta azul assoviando com as mãos nos bolsos do avental. Revelou que sou fruto de um transbordamento Seu, como todos que habitam a Terra. Deu-me consciência para que distinguisse o joio do trigo. E grandes presentes como cachoeiras, flores e frutos, o encanto da lua e o brilho das estrelas e órgãos do sentido para, em êxtase, sorver toda beleza de sua criação. E que tudo ficasse ai, mesmo que, em dias nebulosos, eu não enxergasse tamanha beleza! E me fez reconhecer na criatura mais carente de recursos físicos e intelectuais, em pobreza extrema, um irmão.
Mostrou que até o escorpião pode ser transformado em remédio. E que as chagas abrem e fecham no corpo e na alma não interessando, para Ele, as cicatrizes, pois as trazia também em seu corpo. Estas seriam mais um sinal do poder restaurador de sua paterno-maternidade. E que mesmo num abismo profundo, na depressão, na perda da fé, na sua aparente ausência, Ele estaria ali, soprando minhas feridas como fazem as mães terrenas. Perdoando as traições e sabotagens que eu faria comigo mesma. Segurando-me a mão para que me reerga no perdão de mim mesma.
E que o tempo é nosso aliado para que eu retorne a Ele, para seu Amor Silencioso...
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