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Maria J Fortuna
Há dois anos, quando comecei a
frequentar as aulas na Escola de Artes Visuais do Parque Lage, bem na porta de
saída da sala onde eu assistia às aulas, estava uma grande tela que, a
princípio, lembrava-me labirintos provocados por esvoaçantes objetos coloridos,
que eu seguia com olhar encantado. Foi assim minha primeira e simples
impressão a respeito do trabalho de Paula Carriconde. Intrigantes aquelas
telas que se sucediam de tempos em tempos. Pareciam repetir os elementos,
mas eram inteiramente diferentes entre si. Com o passar do tempo verifiquei que
cada uma delas trazia nova linguagem. E a conexão entre eles, os elementos,
transmitiam-me sentimentos harmônicos. Como leiga, engatinhando no mundo
das artes plásticas, não me arrisco a nenhuma crítica, apenas escrevo o que
sinto frente àquelas cores alegres, distribuídas nas grandes telas, como
sonho que nos visita o subconsciente. Este ano tive o privilégio de conhecer a
autora daquelas obras. Trata-se de Paula Carriconde.
Tenho acompanhado, algumas vezes, o
manejo do seu pincel, contemplando a feitura de sua obra duas vezes
na semana. Comecei a perceber mais detalhes, como as sombras e o movimento dos
objetos, o colorido de fundo e elementos surpresa como pássaros e flores.
Então, sinto luminosidade nas cores que se acendem vibrantes de
energia! Aos poucos fui me aprofundando na observação. O que parece óbvio,
simbólico em sua obra, traz o desconhecido. É como se os objetos pintados
estivessem fora da lei de gravidade, flutuando na cor de fundo, que parece
soltá-los e agrupá-los, sugerindo movimento de contração e distensão. As
nuances multifacetadas das cores de cada uma delas dão a ilusão do que submerge
e aprofunda. As tonalidades
são felizes em sua concepção e bem recebidas entre si e pelo todo
Conversando com Paula, ela me contou
que é gaúcha e vive há vinte anos no Rio de Janeiro. Aos cinco anos de idade
começou a sentir o despertar do desejo de desenhar e pintar tentando copiar uma
figura humana, com bem mais detalhes que uma criança dessa idade o faz. Aos
dez, o esforço para copiar a Monalisa de Leonardo Da Vinci, conduziu-a a
observação a um dos olhos da famosa pintura do grande mestre, trazendo-lhe boas
surpresas! Isso me leva a crer que essa descoberta e o esforço para
reproduzir as nuances escondidas da pintura de Da Vinci, influenciou o
detalhismo de sua obra.
Sua mãe era pianista, o que me
fez pensar no som das cores que Paula pinta e de como deve ter influenciado seu
espírito na convivência com essa mãe, tão envolvida com a música. Não
menos dotado que a mãe, o pai de Paula era poliglota e leitor de Shakespeare no
original. Então, apesar de que me fala da falta de incentivo de seus pais para
pintar, ela viveu a infância envolvida pelo clima das artes que por si só
influenciaram seu espirito alegre. Haja vista a leveza de suas telas que
têm a arte oriental, a joalheria antiga e o elemento barroco sempre
presente. Tudo isso me faz lembrar o inconsciente coletivo de Jung
no mundo interior simbólico em que vivemos
Este
ano, em abril, foram expostos seus trabalhos no Espaço Cultural Ceperj (Centro
Estadual de Estatísticas Pesquisas de Servidores Públicos do Rio de
Janeiro).
“Desde que foi aberta ao público, no dia
10 deste mês, a mostra da artista plástica Paula Carriconde recebeu centenas de
pessoas interessadas em apreciar as 10 grandes telas com cores vibrantes,
luminosas, de estilo figurativo-abstrato.”
Paula
Carriconde foi convidada a participar com seus trabalhos em várias Escolas de
Samba. Trabalhou na Grande Rio, Unidos da Tijuca e já está contratada pela
Portela para o próximo carnaval! Aí está comprovada a alegria que transmite
suas telas! E é sempre um imenso prazer contemplá-las!
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