Brasileiro, acorde! Una-se aos Invisíveis de Belo Monte!
Maria J Fortuna
A vida nos encaminha para encontros inesperados.
Esse foi numa cabine da viação UTIL, quando eu estava indo para Belo Horizonte.
Vou lhes contar o que se passou comigo há duas semanas: tive a honra de
conhecer Magnólia de Oliveira, com seu andar determinado, cabelos soltos ao
vento e seu olhar sincero e profundo de guerreira. Mas não é qualquer
guerreira. Não como as milhares de mulheres também o são. Aquelas que trabalham
de sol a sol e ainda criam seus rebentos. O enfrentamento de Magnólia não é
somente pela sobrevivência no dia a dia, nem tanto em relação a cobras ou
animais perigosos, mas ela vive sim, ombro a ombro, com outro tipo de
lamentável perigo: capangas, pagos pelos usineiros, para evitar o movimento de
protestos contra a devastação causada pelas as obras da Usina Belo Monte
aos povos ribeirinhos e extrativistas. O perigo de sentir uma arma
em seu ventre e ela não saber por que não houve disparo. O confronto com
a morte. Assim sendo, o risco iminente é seu companheiro no dia a dia, como de
todos que, como aquela moça determinada e apaixonada, lutam por uma Causa. Ela
pertence ao grupo dos Invisíveis de Belo Monte.
Ouvíamos Magnólia eu, uma moça com um
cachorrinho dopado para viagem, ao colo, e uma senhora que se dizia descendente
de importante figura, que pelo meu desinteresse, esqueci o nome. À medida que
Magnólia falava, senti imediata empatia com os povos sacrificados daquela
região. E me atingiu profundamente como brasileira. Já tinha ouvido falar
no assunto, mas não dito por alguém que milita nessa luta! Meu velho
sentimento contra as injustiças circulou-me nas veias e foi parar no
coração. Eis o que foi dito por ela: a hidroelétrica de Tucuruí, no Pará,
segunda maior do mundo, está devastando impiedosamente uma área de
400.000 m2 acima do rio Xingu. Abaixo do rio será seco, onde foram
retirados os ribeirinhos e extrativistas. A mineradora Vale está contratando
mais de cinco mil homens para a retirada do ouro. Estão trocando nossa Amazônia
por indústria de carros e cobiça de ouro no desordeiro e desinfreado
capitalismo.
Ela,
Magnólia de Oliveira, os franceses Fançois Xavier Pelletier e Caterine Lecroix
produziram um filme que se chama Os invisíveis de Belo Monte, Les Invisibles de Belo Monte (França 2012).
Encontrei este comentário a respeito do filme:
“Foram seis meses de filmagem na Floresta Amazônica, na região de
difícil acesso de Volta Grande do Xingu, no Pará, onde está sendo construída a
controvertida barragem da usina hidrelétrica de Belo Monte.
Pelletier e Oliveira
explicaram à RFI que o documentário pretende valorizar e mostrar ao mundo o
modo de vida dos ribeirinhos que vivem na região. Pelletier ressalta que o
objetivo do documentário não é mostrar o impacto da construção da usina para as
aldeias indígenas que, segundo ele, já têm bastante apoio de ONGs, mas sim, o
prejuízo para os caboclos, ribeirinhos e pescadores.
Segundo
estudos do Instituto de Tecnologia da Universidade Federal do Pará, mais de 25
mil pessoas serão afetadas diretamente pela construção da usina. A Volta Grande
do Xingu, uma queda de 96 metros, onde o rio quadruplica de largura e forma
diversas cachoeiras e ilhas, concentra boa parte do potencial hidrelétrico do
rio. Por isso o local foi escolhido para a construção da Usina Hidrelétrica de
Belo Monte.”
Ao ouvir
Magnólia fiquei pensando nos jovens brasileiros dos anos 60 e 70, na luta
contra a ditadura militar no Brasil. Muitos torturados, mortos e
desaparecidos. Por que os jovens de agora não canalizam sua energia para
essa Causa Universal? Mas o assunto parece esquecido... Não é noticiado pela TV
ou rádio. A sociedade cruza os braços e diz: -“Fazer o quê? Quem pode lutar contra todo um projeto
apoiado pelo governo?”
O Planeta
está cansado. A construção dessas usinas quebra sua harmonia. Deixem que os
rios sigam seu curso natural. A cada explosão, milhares de peixes são mortos. E
eles são o alimento dos povos ribeirinhos, que ficam perdidos, sem rumo. A energia da Terra e a energia do amor estão
sempre em comunhão. Não pode ser fragmentada.
O discurso
de Magnólia não foi em vão. De qualquer forma, senti que como brasileira, eu
teria que fazer alguma coisa. Resta-me noticiar, denunciar, sacudir a memória
de quem já teve notícia do que anda acontecendo, convocar para a luta, entrar
em comunhão. Foi muito bom ter conhecido Magnólia!
4 comentários:
Eliana Angélica, por e-mail:
Esta luta está de volta e em outra modalidade: lutaram os guerreiros dos anos 60,70, agora os dos anos 2000 por causas diversas. Me parece que são os ciclos da vida, que nos chegam como ondas, ora altas, ora rasas, mas sempre em movimento e cada qual trabalhando como sabe e como pode para que atinjamos a Utopia Rosacruz. Você a conhece? Tens o livreto?
O serviço metafísico está sendo feito. Só que as atitudes nocivas ainda prevalecem. E não pioram por causa de bons cidadãos em trabalho invisível e visível também. Ainda tem muita coisa a ser mudada e muitos brasileiros para aderirem ao chamado.
Fico feliz que você escreve a história de Magnólia para todos saberem e repassarem.
Grata.
Beijos.
eliana
Minha amiga ítalo-brasileira Mônica Puccinelli, no Facebook:
Vc sabe meu coração é brasileiro, como tal fico triste e indignada pelo que está acontecendo, triste, amargurada, vencida pelo tempo que me levou o vigor juventude.
Obrigada por sua linda crônica, bjs
Norália Castro no Facebook:
Amiga, li e gostei muito...uma das coisas que mais me machucam é o desvio do Rio São Francisco. Não me conformo... Belo Monte é assustador também...Abs.
há 58 minutos · Curtir
MARIA DO CÉU
16:32 (6 horas atrás)
Maria do Céu Ripoli, por e-mail:
Você como sempre ligada ao mundo, às gentes, à vida, à Alegria e também a tudo que tolda e tinge de cinza o horizonte!
Muito oportuna sua crônica e lindas suas aquarelas!
Obrigada por partilhar comigo Magnólia e sua luta.
Beijos e parabéns pela beleza e sensibilidade que distribui mundo afora.
Carinhosamente da admiradora , Cecéu.
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