Padres cantores
Maria Fortuna
Sempre fui muito sensível à fragilidade humana e animal diante da ignorância existente em nosso planeta, entregue á violência! Sempre fui contra guerras e touradas. Imagine a pessoa que se expõe por algum motivo superior - amor ou coerência – ou mesmo por vontade de usar seu potencial, neste mundo cheio de conflitos... Faz tempo um padre apareceu então, numa mídia onde centenas de pessoas estão ligadas à tela de uma TV, dizendo-se cantor. Foi o primeiro deles. Era como um pássaro de plumagem de cores, não muito diferente dos demais, mas lhe pesava e pesa até hoje a palavra padre. Mesmo assim, o moço teve e tem coragem de se expor. Por isso era e é muitas vezes agredido pelos que não conseguem ou não admitem que ele concilie as duas funções: sacerdote e cantor. O que ousa viver em coerência com sua verdade interior e escolhe dois caminhos aparentemente antagônicos, paga uma enormidade de preço, porque o mundo julga e sentencia o tempo todo. E como se não bastasse, o sentenciado recebe um rótulo. Com o tempo apareceram então outros padres cantores.
O julgamento sistemático torna a má ou boa ação de alguém como parte do seu caráter para
sempre, sem chance de mudança. Isto é, aquele que comete um deslize, é o
deslize, não adiantam argumentos nem expectativa do contrário. E as
pessoas que aparecem no cenário das mídias, como rádio e TV, são julgadas pelo
estereótipo que apresentam naquele instante e são congeladas a partir daí em
um determinado conceito ou preconceito: na presente questão o fato de serem
padres. Essas pessoas são lidas e classificadas por sua categoria ou condição: sacerdotes.
É certo que aquele
que não conseguiu convencer o público numa novela, torna-se para a mídia,
péssimo ator ou atriz para sempre. O que não se deu bem quando cantou em algum
programa, será sempre o desafinado(a). Neste cenário padres cantores
não escapam á isso. Serão
sempre padres. Daí o publico fã sempre releva erros dos que são aceitos.
Durante muito tempo acreditei que o ser humano era racional. Ledo engano! Quem
me falou a respeito, de forma inteligente, foi um antropólogo e médico com quem
fiz terapia há anos atrás, a quem sou muito grata até hoje: Dr. Ely Bonini Garcia.
Dizia ele que o homem não é racional, mas um ser que se compara todo tempo com outro,
achando-se daí melhor ou pior do que aquele.
Dependendo da autoestima de cada um, o
julgamento pode favorecer ou não a questionamentos. Amar ao próximo como a si
mesmo, como diz o Cristo, é, a meu ver, a verdadeira justiça. Mas
devido à baixa de autoestima, a percepção da maioria dessas pessoas é
prejudicada por um julgamento emocional, carregado pela sua indisposição frente
aos que costumam “se dar bem”, no bom sentido. Aliás, já ouvi dizer que os
padres procuram exatamente isto: se dar bem. Fora que correm o risco de
serem julgados como pedófilos como, infelizmente, algumas ovelhas negras do
rebanho. Falam também que padre não
precisa se exibir para ganhar dinheiro, e por aí vai...
Faz tempo, assisti a um programa de Marília Gabriela, na GNT, onde o
entrevistado foi o padre Fábio de Mello. Qualquer entrevista assistida por
pessoas que se apressam a julgar e catalogar, iria mudar alguma coisa? Houve ou
há algum interesse em ouvi-lo? Adivinhem... Claro que não! Salvo algumas
pessoas que sabem refletir e têm o coração aberto, a maioria das pessoas adoram
detonar até o fim seus bodes expiatórios sem ao menos lhes saber o nome ou o que querem na vida. Sem
nunca ter-lhes olhado nos olhos ou ouvido o que têm a dizer. Podem representar o que eu desejaria tanto ser: no caso aquela
força e coragem, por exemplo... Com isso
as suposições perversas com certeza, irão continuar. Assim será para com
todos os que forem chegando, depois deles.
Há o outro lado...
Excessiva aprovação ou empolgação torna os padres ainda mais vulneráveis. Como
Padre Fábio disse naquela entrevista, o perigo nesse caso se torna maior!
Uma vez, se por algum motivo a pessoa se vê traída na sua expectativa
de que aquele cantor não se trata de um astro santo, mas alguém que realiza um
talento que traz de berço: escrever, compor e cantar sua criação. Já houve entre
as macacas de auditório, até ameaça de morte, porque o padre não lhes deu “atenção”
que queriam... Disse Fabio de Melo em sua entrevista. Quem sabe, tenha sido um dos motivos que desencadeou a depressão do padre
Marcelo Rossi?
De qualquer maneira os padres cantores estão tendo algum sucesso, pelo menos entre os católicos, com muitos CDs e DVDs vendidos. Com suas vozes melodiosas, vão seguindo seu caminho de evangelização, como acreditam ser, através das suas canções bonitas, como a dos evangélicos, que atraem grande publico, mesmo o dos não crentes. Maltratados pela mídia, invadidos em sua privacidade, cantam e cantam... E eu fico aqui pensando que é inútil detê-los. Sentiram ser outro caminho para os corações dos que tem fé, apesar de todos os riscos. Foi isto que escolheram. E também o mais importante é o efeito primário do sucesso: muitas creches, asilos e comunidades beneficiadas.
De qualquer maneira os padres cantores estão tendo algum sucesso, pelo menos entre os católicos, com muitos CDs e DVDs vendidos. Com suas vozes melodiosas, vão seguindo seu caminho de evangelização, como acreditam ser, através das suas canções bonitas, como a dos evangélicos, que atraem grande publico, mesmo o dos não crentes. Maltratados pela mídia, invadidos em sua privacidade, cantam e cantam... E eu fico aqui pensando que é inútil detê-los. Sentiram ser outro caminho para os corações dos que tem fé, apesar de todos os riscos. Foi isto que escolheram. E também o mais importante é o efeito primário do sucesso: muitas creches, asilos e comunidades beneficiadas.
