terça-feira, 19 de fevereiro de 2008




Partilhando com vocês meu momento poético





O vestido


Maria J Fortuna


Este vestido frio e transparente
Deixa-me exposta aos quatro ventos
E me faz cavalgar os meus desejos
Encima de unicórnio alado

Soltas as estribeiras
Um violino amordaçado
Reprime o som de suas cordas
A velha esmaga o fumo no fundo da boca
E a sereia canta contemplando-se no espelho
Lá longe a garotinha chora a ausência da mãe

E eu completamente nua
Refletindo sobre a dor no meu seio solitário
Fabrico asas de pena para me cobrir
E debulho o milho em perolas noturnas
Cantando uma cantiga de ninar

Uma voz rabugenta fala
Com jeito de criança envergonhada
- sou mulher e não vi o tempo passar
Tão nua estou neste vestido!..

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