quarta-feira, 12 de março de 2008



O caminho do centro
MariaJFortuna

- Onde estão meus óculos? Percorro todos os pontos conhecidos da casa e nada... Depois de ficar ofegante e preocupada com o sumiço das lentes, dou-me conta de que estão bem no alto da minha cabeça. Eu mesma as havia colocado lá... As lentes que me fazem enxergar com um pouco mais de nitidez o mundo que nos cerca...
A mesma coisa ocorre com a Presença de Deus.
- Onde está meu Criador? Por que se ausenta nesta ou naquela dificuldade? Onde estava quando eu precisava d´Ele?
O que mais fazemos nesta vida é justificar tudo que nos acontece como vontade de Deus. E qual foi nossa contribuição para que as coisas aconteçam deste ou daquela maneira?
Construímos templos, igrejas imensas, sinagogas, mesquitas, para cultuá-lO, quando na realidade esquecemo-nos de deixar simplesmente que Ele aconteça dentro de nós... Em nome do Qual fazemos guerra. Ninguém planeja guerra quando está feliz, na Luz.
Acredito que muitos morrem sem encontrar Deus. Afinal nossos pais nos ensinaram a buscá-lO fora de nós mesmos. Foi assim que aprenderam com os pais deles, nossos avós, e assim por diante, com suas preces decoradas. Tudo vem de muito longe... Desde o dia em que desfocalizamos o Criador. Perdemo-lO de vista. Houve quebra da unidade e ficamos fragmentados e perdidos em nossa cegueira. Pecado original tem a haver com perda das lentes... E acontece quando pensamos que crescemos chamando-nos, a nós mesmos, de adultos.
Não havida necessidade de procurá-lO quando éramos muito pequenos. Ele estava ali, dentro de nós, em comunhão absoluta! Respirava conosco. Corações batendo junto... Mas com o tempo, os adultos nos fazem procurá-lO fora... Bem cedo, Deus é expulso de nossas consciências... E o ter substitui o ser. Começa o calvário do consumismo... É preciso ter cada vez mais para substituir um Ser Infinito que diz para Moisés:
- Eu Sou Aquele que É...
Uma busca constante! Um saco sem fundo... Carrega civilizações para o buraco negro do desejo não saciado.
Na educação católica, aprendi a procurá-lO no sacrário das Igrejas. Ali havia Presença. Mas... E quando eu precisava Dele (a) porta a fora, onde estava? Assim eu me indagava quando menina. E quantos não tão pequeninos fazem a mesma pergunta?
É óbvio busca de Deus descentralizado, desfocado, tem haver com sociedade de consumo. As propagandas de TV, radio, jornais, etc., anunciam produtos que o Criador não preparou para suas criaturas. Venenos adulterando Seu objeto de criação.
Deus numa garrafa de Coca Cola?...
E no coquetel de coisas ruins começa o noticiário do que seria a conseqüência deste consumismo desenfreado por coisas impróprias para nossos corpos e almas.
Onde estão meus óculos? Onde está Deus?
Como é difícil encontrar o óbvio! Como é complicado encontrar-nos a nós mesmos. Por que o autoconhecimento nos leva ao centro. Teríamos que buscar novamente a criança interior. Aquela que na sua simplicidade e pureza tem relações intima com Ele (a), sem nenhum esforço. A que não tem nenhuma vergonha de pedir ao Pai e a Mãe alguma coisa. Algo que necessite para simplesmente ser feliz.
Se, com muita luta, adquirimos o hábito de meditar, passamos a ser esquisitos aos olhos de quem não compreende que estamos buscando, em nós mesmos, os óculos que perdemos para enxergá-lO com nitidez.
Na verdade tomamos consciência de que Ele (a) nunca saiu de nossos corações, de dentro da gente. E tudo que queremos na vida é enxergá-LO novamente...





Um comentário:

Anônimo disse...

Mariinha, muito bom!
Depois de tantas e tantas voltas da vida e vários desencontros, é um conforto imenso redescobrirmos onde Deus realmente esteve o tempo todo. Daquelas coisas da vida que a gente só alcança com a experiência do coração. Não adianta entender intelectualmente, é preciso sentir. A meditação, com certeza, é um caminho maravilhoso para esse reencontro.
Maravilha, querida! :)

Beijos.

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