quarta-feira, 30 de junho de 2010

O maior porre da minha vida!



Maria J Fortuna


Foi na Copa de 70. Uma loucura! O Brasil era TRI Campeão! Saí pulando, com minhas madeixas encaracoladas brilhando ao sol, molhadas de suor. Depois, ao cair da noite, ficaram ensopadas de sereno e eu, rouca de tanto berrar, saí cantando com um grupo entusiasmado: “Todos juntos vamos pra frente Brasil, Brasil, salve a seleção!” As ruas de BH quase que completamente vazias ao término do jogo, se encheram de mineiros brasileiros com o coração em flor, pulsando ao rítmo da batucada, e os carros passavam com enormes bandeiras do Brasil tremulando. Pessoas com as cabeças fora das janelas urravam de alegria, como se a loucura tivesse tomado conta de tudo! Havíamos saído de um boteco, no alto da Afonso Pena e estávamos nos dirigindo à Praça Sete. A Lei Seca havia sido decretada e estávamos em plena ditadura militar. Onde encontrar um copo de cervejinha, caipirinha, Hi-Fi ou Cuba Libre? Nada. Ninguém tinha coragem para vender... E fomos comemorando a seco mesmo.
O bloco, a que eu estava incorporada, tinha de tudo: doutores, domésticas, funcionários públicos, bailarinos, bancários, etc. “Todos juntos vamos pra frente Brasil, Brasil, salve a seleção!”
Naquela época eu estava no esplendor da boemia! Frequentava a boate da Dalca, na Rua Espírito Santo, onde a gente fazia arriscados conchavos políticos que iam até seis horas da manhã, quando eu partia dali direto para o trabalho. Naquela boate rolava também namoro, flerte, crise de ciúmes, discussões, etc. Amanhecia e eu, dali mesmo, ia pegar o “Especial” na Rua Tupis, indo direto para o Hospital Júlia Kubistchek, no Barreiro de Cima. Muitas vezes trabalhei de ressaca... Com óculos escuros, sem poder mexer a cabeça, mas dava conta do recado. Nada de queixas. Os pacientes do Hospital gostavam de mim e eu deles.
Naquela Seleção de 1970 havia Pelé, jogando sua última Copa, Carlos Alberto, Clodoaldo, Jairzinho, Rivelino e Tostão, como destaque. E era a primeira equipe a ter título de campeã mundial por três vezes, recebendo a posse definitiva da Taça Jules Rimet, a glória! Merecia aquela monumental comemoração!
Quando o grupo chegou próximo a Av. Cristovão Colombo, vislumbramos uma boate gay animadíssima, e alguém falou no ouvido de outro alguém, os quais não me recordo quem era, que no estabelecimento arco-íris tinha bebida. Sem titubear entramos naquela boate e começamos a pular um carnaval animadíssimo! A estas alturas, havia todo tipo de gente gay e todo tipo de gente hétero. Todos unidos para comemorar e, lógico, tomar uma bebidinha. Até que um tititi chegou aos meus ouvidos, de que a única bebida que tinha por lá era licor de jenipapo. Na empolgação, topamos esvaziar todas as garrafas daquele licor. O líquido meloso e grosso descia por nossas gargantas, deixando um rastro enjoativo que caía no estômago, sem nenhum tira gosto. O tempo passando... e nem sabíamos mais quem era quem. Comecei a suar e a cabeça a rodar. Depois não vi mais nada..
Acordei em minha cama, de calça jeans e blusa manchada, cheirando a vômito. Até hoje não sei quem me deixou em casa...

Um comentário:

Eliane Accioly disse...

Quaquaqua!!!!!!!!!!
Adorei!Beijos,

Eliane

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