Maria J Fortuna
Quando assisti ao filme “A vida secreta das abelhas”, uma magnífica película, que mostra tão bem o que é estar num sistema racista e ser vítima dele, chamou-me atenção uma personagem vivida por Sophie Okonedo, uma moça negra chamada May Broatwright, que sofria de excesso de empatia. Ao receber notícias boas ou ruins das pessoas que amava, identificava- se de tal forma com o sentimento delas, que toda a alegria ou sofrimento vividos por aquelas pessoas, tomava tão imensa proporção, que a deixava totalmente possuída por eles. Assim foi até que seu irmão desapareceu de casa. Tudo indicava que tinha sido torturado e morto pelos brancos racistas. A notícia do desaparecimento foi ocultada dela pela família , que imaginava o que poderia acontecer quando ela tomasse conhecimento. Mas logo a moça ficou sabendo de tudo e desapareceu, suicidando-se num rio. Deixou um bilhete, pedindo perdão pela sua incapacidade de aguentar o provável sofrimento do irmão, entregue aos que o odiavam pela cor da pele.
Existem muitas Mays, que desde criança, se identificam excessivamente com os sentimentos das outras pessoas ou mesmo com os animais e plantas. Sentem as dores de um touro nas touradas da Espanha, ou quando se referem a um ser humano sendo agredido, torturado, segregado ou a outro tipo de situação lamentável. Há que uma intolerância irrestrita à violência. Este é o meu caso. Não tanto quanto o de May, mas quase tão sofrido quanto.
Fico pasma de como a TV brasileira divulga, incansavelmente, as feridas que ardem e pululam nas tragédias brasileiras, envolvendo a família da vitima e do assassino, com exaustiva repetição dos fatos. A mídia está pouco se lixando para a sensibilidade dos que não suportam mais tais notícias. Quem irá se deliciar com elas? Aqueles que vão pra rua esbravejar seu ódio embutido, à procura de um bode expiatório e dão um horroroso espetáculo de decadência, mostrando aos olhos do mundo uma massa inteiramente alienada pedindo o sangue dos culpados? Para eles não importa o que sentem os outros. A cada noticiário, a ferida é novamente exposta como no lamentável fato da menina, Isabela Nardoni. Agora vai render o caso do goleiro Bruno, até que tudo se esclareça, ou não. Tudo isso é socialmente aceito e as minorias que engulam seu sentimento de empatia.
Quem são estes seres que trago para a página dos meus textos, senão aqueles vindos das alegrias e dores que vivenciamos diariamente? O palco está sempre armado para uma nova história começar. Criamos nossos personagens vindos do panelaço da alma, onde uma bruxa disputa com um anjo a posse da grande colher, que mistura temperos que salgam ou adoçam nossos corações. Para isto, o papel da empatia é indispensável. Não é necessário mais do que a luz e a sombra que existem dentro de nós. Só a sombra cansa...
Não importa se crianças estão presentes assistindo a estes noticiários, manhã, tarde e noite, ou a existência dos excessivamente empáticos como May. Não há cuidado nem respeito para com essas pessoas. O desfile é de mau agouro. De gente desestruturada acontecendo todos os dias na telinha, no centro das nossas salas ou nos quartos de dormir. A TV vomita cenas das misérias que se passam por aí. Entre uma má notícia e outra, a cara alegre dos que são pagos para vender um determinado produto, estimulando espírito de consumo da população. Contrastam com as cenas chocantes que se sucedem.
Estamos famintos de boas noticias. Seria um bálsamo para os dias difíceis saber que algo de bom acontece no mundo. Mas assuntos ligados ao amor, harmonia e beleza são muito pouco divulgados. Então haja sofrimento para os que sentem as dores dos outros.
Sei que na França este tipo de noticiário acontece rapidamente depois das 22 h. Por que não seguir o exemplo?
Existem muitas Mays, que desde criança, se identificam excessivamente com os sentimentos das outras pessoas ou mesmo com os animais e plantas. Sentem as dores de um touro nas touradas da Espanha, ou quando se referem a um ser humano sendo agredido, torturado, segregado ou a outro tipo de situação lamentável. Há que uma intolerância irrestrita à violência. Este é o meu caso. Não tanto quanto o de May, mas quase tão sofrido quanto.
Fico pasma de como a TV brasileira divulga, incansavelmente, as feridas que ardem e pululam nas tragédias brasileiras, envolvendo a família da vitima e do assassino, com exaustiva repetição dos fatos. A mídia está pouco se lixando para a sensibilidade dos que não suportam mais tais notícias. Quem irá se deliciar com elas? Aqueles que vão pra rua esbravejar seu ódio embutido, à procura de um bode expiatório e dão um horroroso espetáculo de decadência, mostrando aos olhos do mundo uma massa inteiramente alienada pedindo o sangue dos culpados? Para eles não importa o que sentem os outros. A cada noticiário, a ferida é novamente exposta como no lamentável fato da menina, Isabela Nardoni. Agora vai render o caso do goleiro Bruno, até que tudo se esclareça, ou não. Tudo isso é socialmente aceito e as minorias que engulam seu sentimento de empatia.
Quem são estes seres que trago para a página dos meus textos, senão aqueles vindos das alegrias e dores que vivenciamos diariamente? O palco está sempre armado para uma nova história começar. Criamos nossos personagens vindos do panelaço da alma, onde uma bruxa disputa com um anjo a posse da grande colher, que mistura temperos que salgam ou adoçam nossos corações. Para isto, o papel da empatia é indispensável. Não é necessário mais do que a luz e a sombra que existem dentro de nós. Só a sombra cansa...
Não importa se crianças estão presentes assistindo a estes noticiários, manhã, tarde e noite, ou a existência dos excessivamente empáticos como May. Não há cuidado nem respeito para com essas pessoas. O desfile é de mau agouro. De gente desestruturada acontecendo todos os dias na telinha, no centro das nossas salas ou nos quartos de dormir. A TV vomita cenas das misérias que se passam por aí. Entre uma má notícia e outra, a cara alegre dos que são pagos para vender um determinado produto, estimulando espírito de consumo da população. Contrastam com as cenas chocantes que se sucedem.
Estamos famintos de boas noticias. Seria um bálsamo para os dias difíceis saber que algo de bom acontece no mundo. Mas assuntos ligados ao amor, harmonia e beleza são muito pouco divulgados. Então haja sofrimento para os que sentem as dores dos outros.
Sei que na França este tipo de noticiário acontece rapidamente depois das 22 h. Por que não seguir o exemplo?
Um comentário:
Norália de Mello Castro por email
Quanto à Empatia, gostei muito: me sinto assim como você.O que piora essa situação, é que fazem tudo em nome da Democracia, da Liberdade de Imprensa...O exagêro da nossa imprensa é algo a ser pensado seriamente...
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