Maria J Fortuna
Pirilampos
parecem estrelas da Terra. Em criança, um dos meus momentos especiais ao cair
da noite, era assistir ao balé desses vaga-lumes transitando pelo jardim que
emoldurava nossa casa. Há quanto tempo não vejo esses bichinhos... Como, na rua
movimentada e cheia de transito onde moro aqui no Rio de Janeiro?
Lembrei-me
deles, dos pirilampos, quando esta manhã meditava sobre a Luz interior que
alimenta nossas vidas. E que só nós mesmos podemos reacender todos os dias. Pensei muito na escuridão da ignorância onde
se processam as guerras e o florescer da sabedoria que nos lança às águas
confiantes do Amor.
Acredito
plenamente que a sabedoria vem da simplicidade, do desapego, do verdadeiro
encontro nós mesmos. Mas numa sociedade onde é fácil mentir, a coisa se
complica. É como se tudo fosse propaganda enganosa, como aparece na TV. Tudo é
preparado para vender de um lado e possuir do outro. Assim, nosso reencontro no dia a dia demora muito
acontecer ou talvez nem aconteça.
Crescemos num mundo do falso. Tudo parece estar longe do coração. É como
procurar perfume da flor fora da mesma ou querer sentir o orvalho fora da noite
que o traz. E como é fácil perder-se de
si mesmo...
Há tempos atrás,
ouvi de uma mestra de sufismo, Solange de Marbaix, que havia um sufi chamado Soravardhi,
que buscava um mestre. Todo sufi tem um mestre. Mas o jovem não o encontrava,
por mais que o procurasse entre os mortais.
Então resolveu, quem sabe, encontra-lo no deserto. Quando estava
entregue á meditação, apareceu-lhe um jovem de uma beleza raríssima, com os
cabelos brancos de tanta Luz e anunciando-se seu mestre. Era Gabriel, o anjo da
humanidade. No que prontamente Soravardhi, encantado, o abraçou.
Os sufis costumam procurar no Amor, na Harmonia e na Beleza, o Criador. Soravardhi dizia que os primeiros lampejos de Sua Presença surgiam como pequenas estrelas no véu da noite. Piscavam aqui e ali e a Luz ia aumentando à medida que o coração do fiel se abrasasse no fogo do Amor! Até que se uniam numa só chama que o consumia inteiramente... Então se tornavam UM com o Fogo Divino.
Os sufis costumam procurar no Amor, na Harmonia e na Beleza, o Criador. Soravardhi dizia que os primeiros lampejos de Sua Presença surgiam como pequenas estrelas no véu da noite. Piscavam aqui e ali e a Luz ia aumentando à medida que o coração do fiel se abrasasse no fogo do Amor! Até que se uniam numa só chama que o consumia inteiramente... Então se tornavam UM com o Fogo Divino.
Sinto que
estamos por ai mergulhado nessa noite... E que de vez em quando apagamos nossa
luz e, quando a acendemos, trombamos com outros corpos celestes que estão também
com suas luzes apagadas. Afinal, tratando-se dos seres humanos, temos liberdade
para acender ou apagar nossa própria luz.
De vez em
quando o lume de alguma estrela clareia a outra que, por algum motivo, tornou-se
obscura, embora isso possa fazê-la mergulhar ainda mais na escuridão. Pois que
é comum a gente se apegar ao sofrimento.
Mas é um perigo querer impor ao outro os clarões da nossa verdade. Afinal cada um, em silencio, vive seu tempo de
pirilampo.
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