O vestido
Este vestido frio e transparente
Deixa-me exposta aos quatro
ventos
E me faz cavalgar os meus desejos
Encima de unicórnio alado
Soltas as estribeiras
Um violino amordaçado
Reprime o som de suas cordas
A velha esmaga o fumo no fundo da
boca
E a sereia canta contemplando-se
no espelho
Lá longe a garotinha chora a
ausência da mãe
E eu completamente nua
Refletindo sobre a dor no meu
seio solitário
Fabrico asas de pena para me
cobrir
E debulho o milho em perolas
noturnas
Cantando uma cantiga de ninar
Tão nua estou neste vestido!...
Uma voz rabugenta fala
Com jeito de criança envergonhada
- sou mulher e não vi o tempo
passar
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