Maria J Fortuna
Tem dia que a aridez toma conta
da gente... Nem o balançar das cordas de um violino numa melodia triste toca o
coração que, simplesmente fecha os braços, e diz que não está nem aí.. . São momentos de saturação, quando
nem sequer os mais chatos programas de TV, noticiários, livros, músicas ou
pessoas, conseguem nos irritar. O que nos tira desses momentos de distância de
nós mesmos? Temos até saudades das horas de ansiedade e melancolia... Mas parece que nada acontece para que o
estado de apatia nos deixe. O mundo então continua girando em torno do sol e de
si mesmo, e não ligamos bulhufas.
Ignoramos tudo que está acontecendo pelo mundo afora... Se Sarkozy ganha ou não
as eleições na França, ou Marine Le Pen é a reencarnação de Hitler, por
exemplo. É hora de reflexão: será que vou continuar assim? Por quanto tempo? E
nada... O marasmo se instala mesmo. Não interessa se faz sol ou chuva lá fora.
Ou se temos que terminar um trabalho importante. Há, no entanto, um jeito muito
sutil de acordar desse estado: dormindo... Parece contraditório? Mas é
verdade... Quem sabe quando despertar estejamos com mais disposição? Afinal, o
tempo somos nós em movimento e não podemos nos divorciar dele. Nasce e cresce
antes, durante e depois da gente... O que não deixa de ser um mistério... Não con tempo riza. Ainda tem a vantagem de trazer o sonho, o que
por sua vez traz efeitos concretos para desvendar o que nos vai à alma...
Quando os índios querem resolver algum assunto sério no tocante à comunidade,
são convidados a dormir pelo pajé. Mas muitos de nós não podem se dar ao luxo
de interromper uma atividade para se entregar aos braços do Morfeu, que é o
deus grego dos sonhos... Tem que esperar que chegue a noite. Nesse estado de
placidez, esperamos qualquer coisa...
Então veremos se, no próximo dia, raios de luz nos acordem por dentro e por
fora e a gente consiga se sentir mais desperto. E que palavra custosa para toda
a humanidade: despertar! Há séculos os mestres convidam o ser humano a
despertar... O que, para muitos de nós, não aconteceu até hoje. Porque quem
desperta fica meio estranho, enigmático e às vezes até chato. Esse é o preço.
Mas passa... Claro que vai
passar. É só não fazer nada. Mergulha e espera. É o que o coração diz. Deixa a alma levar para longe teus mais
inúteis segredos... E que te traga de volta ao reconhecimento de ti mesmo. Mar asmo!
Vai bem fundo, deixa que a visão e o movimento dos peixes dourados
lembrem do espírito da poesia que existe em ti e da necessidade de despertar,
apesar de tudo!
Um comentário:
Muitas palmas pra você! De Marasmo não tem nada em você neste nelíssimo texto.
Que pessoa incrível tu és, amiga! Maravilha. Valeu! Adorei!
Obrigada e até aqui, eu acho que sua viagem é pra cá não é mesmo??
Bjs.
eliana
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