Maria J Fortuna
Todo mundo, algum dia, almejou encontrar fisicamente alguém que
pertence à outra dimensão da vida ou da História. Wood Allen que o diga, quando produziu Meia
Noite em Paris, filme que me deixou completamente encantada! Ali o impossível acontece! Desfilam pessoas
maravilhosas que viveram em 1920, como F.Scott Fitzgerald, Ernest Hemingway,
Pablo Picasso, Dali e outros, circulando por cafés e ateliês da cidade,
convivendo com o personagem principal.
Participam de festas onde se encontram em alegres grupos de pessoas
famosas.
Eu, por
exemplo, adoraria tomar uma taça de vinho com Isadora Duncan. Li sua biografia
três vezes! Identifico-me com essa bailarina de pés descalços, na luta pela
liberdade de expressão, nos desacertos e perdas amorosas, na improvisação de
sua arte e pelo forte traço maternal. Talvez, se contemporâneas, tivéssemos
sido grandes amigas! Daquelas que uma completaria o que a outra estivesse
falando. Seria a gloria para mim,
dançarmos juntas!
Outro personagem que me fascina
igualmente é Van Gogh. Gostaria de vê-lo
de um pouco mais longe, se não pudesse alterar o seu triste destino. Bastaria
assisti-lo pintando “Noite Estrelada” ou aqueles trigais que tanto o motivaram
em sua obra. Seria incrível também, ouvir de perto uma conversa de Freud com
Nietzsche. Adoro quando esse último escreve coisas como: “Aquilo que se faz por
amor está sempre além do bem e do mal”. Para completar gostaria muito de estar
com a Abadessa Hildegard Von Bingen, para ouvir sua música celestial que me
toca o coração com tamanha leveza, transportando-me, tão rapidamente, ao
Criador! “. São neles em que estou pensando nesse momento, dentre muitos outros
como a poetisa Orides Fontela, que viveu quase no anonimato, gostava de gatos e
poetizou que o infinito é lúdico.
Seria tão bom ter encontrado com minha avó e um punhado de tios que não
conheci. Principalmente a doce Esther, casada com um irmão da minha mãe.
Ah! Maravilhosa salada de gente tão especial, que nos deixou herança
tão boa! E basta uma pequena lembrança para tê-la de volta ao cenário da
memória...
Agora, pensando nos contemporâneos, não nego que gostaria de conversar
com Fernanda Montenegro, senti-la além da magia dos palcos. Ir a algum lugar ao
ar livre prosar com Juca de Oliveira.
Curtir um jantarzinho com Jô
Soares e tantos outros... Mas eles só
aparecem na telinha. Envelhecemos e os vemos envelhecer pela telinha da TV, sem
a qual nem saberíamos de suas existências...
É isso... Há conexão entre as almas. São redes de afinidades e níveis
de consciência pessoais semelhantes.
Agrupamo-nos segundo o código, falamos linguagem semelhante, com algumas
variações. E isso independente do tempo
e do espaço. Quase sempre acontece
quando encontramos alguém que admira a mesma pessoa que nós, vai ver temos a mesma ótica em relação ao
próximo e o mesmo jeito de conduzir a própria vida. Vai ver tem uma forma de pensar e agir
semelhante, os mesmos valores, e a grande possibilidade de germinar e deixar
crescer a amizade. Já aconteceu comigo algumas vezes.
Um comentário:
Eliana Angelica Luppi, por email:
Li a sua crônica Encontros e fiquei pensando qual especial você é e fiquei me lembrando de nossos
encontros no Retiro, você, Jack, Antonio Roberto, Maria Helena, Galvani, Geraldo, Angela e a criançada
fazendo parte de todo o contexto. Fiquei com inveja e resolvi parar para lembrar de nós!
Não somos gênios e nem temos o gabarito das pessoas que você mencionou na sua crônica, mas me senti
muito bem de entrar em contato com as recordações e lembranças de tempos idos, aproximadamente, uns
20 anos atrás! Que maravilha você fazer parte da minha vida e do meu caminhar! Muito grata por tudo!
Parabéns!
Beijo.
eliana
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