Maria J Fortuna
Eu estava ali, diante de um dos meus sonhos: O Mont Saint Michel! O bater das asas do chefe da milícia celeste havia me transportado até a Abadia nas ondas de uma antiga aspiração.
A subida pelas ruelas estreitas da pequena cidade medieval trouxe-me a sensação de estar caminhando no tempo, até aquela época em que os cavaleiros cruzados zelavam pelos devotos que visitavam lugares santos. Pensei no Santo Graal e sua não muito reconhecida matéria-prima: a pedra verde, encontrada nas Abadias e Catedrais da França. Acreditam alguns que ali seria um dos locais onde ela se encontra encrustada nas rochas.
O Santuário, que fica na Normandia, França, dedicado a São Miguel Arcanjo, traz a estatura dourada do Arcanjo vestido de guerreiro com asas, no topo da Igreja abacial. Reza a lenda que houve uma terrível batalha entre as forças do bem e do mal e, aquele ser angélico, penalizado com o sofrimento do povo que ali habitava, liderou as forças do bem, conseguindo a vitória contra um dragão maléfico que saía das águas. Depois, o anjo guerreiro pediu que construíssem uma Igreja em seu nome.
Após o tumulto na entrada das primeiras ruelas, onde o comércio de souvenir é feito em larga escala, percorremos becos silenciosos, que escondiam muitas surpresas! O silêncio bafejou o sagrado, logo que avistamos a Igreja do monastério. Havia cheiro de antiguidade no suor das pedras, muros e casas medievais.
Ao chegarmos à entrada principal da Igreja, ponto alto do passeio, encontramos os beneditinos que ainda vivem por ali, preparando os ofícios sagrados. A Missa foi rezada em meio ao perfume de incenso, flores e os badalos do sino. O órgão foi tocado, enquanto o coro angelical causou-me forte emoção. Entreguei-me totalmente àquele momento. Foi no dia em que a Igreja comemora Dia da Santíssima Trindade e pessoas, em várias línguas, cantavam Vivez em paix, et le Dieu d´amour et de paix sera avec vous...
Depois da Missa, percorremos os fantásticos labirintos no interior da Abadia. E as 11 h daquela manhã, assistimos a maré cavalgar soberana sobre o branco e imenso areal que cerca o Mont. Este fenômeno das marés ocorre todos os dias. A imensidão da paisagem, tanto recoberta de água, como em meio às areias, é esplendorosa! Carneiros e vacas malhadas pastam a certa distância, trazendo um ar bucólico àquelas paragens.
Mont Saint Michel foi uma fortaleza inexpugnável para os franceses durante a Guerra dos Cem Anos com a Inglaterra. Tornou-se o símbolo da identidade nacional francesa. O monte está ligado ao continente através de um istmo natural, coberto pelas já mencionadas marés altas. Em 2006, o governo francês anunciou um projeto para torná-lo novamente ilha, com a construção de barragens a ser completada até 2012. Recupera, assim, a aura mística que faz parte daquela misteriosa cidadezinha, que na verdade é imensa pela tradição e pela história e que insinua sempre a presença do que já se passou.
À noite, dormimos numa das casas que se tornaram hospedarias. Muito bem cuidada, acolheu a nós e nossos sonhos dentro de si, proporcionando grande conforto físico e espiritual.
Lá fora, o vento traquinava. O mar, agora, parecia sonolento. A escuridão era quebrada por uma ou outra luzinha saída das hospedarias. Dentro, o aconchego, o pão, o vinho, uma risada gostosa, o cheiro de comida quentinha, o ruído das gaivotas lá fora, arranhando o silêncio e insistindo, em vão, pintar a noite de branco com seus vôos harmoniosos.
Lá fora, o vento traquinava. O mar, agora, parecia sonolento. A escuridão era quebrada por uma ou outra luzinha saída das hospedarias. Dentro, o aconchego, o pão, o vinho, uma risada gostosa, o cheiro de comida quentinha, o ruído das gaivotas lá fora, arranhando o silêncio e insistindo, em vão, pintar a noite de branco com seus vôos harmoniosos.
3 comentários:
Mônica por email:
Amiga querida, obrigada por me levar com vc nesta viagem encantadora, adorei conhecer O Mont Saint Michel!, que saiu do livro que li a muitos anos atrás e se tornou como "panorama" quase real
Um grande abraço e que a sua viagem continue esplendorosa, abraços e beijos, mony
Mariinha
Waldyr Thiessen por email:
O mesmo que você sentiu ao chegar ao Mont Saint Michell, eu também senti o ano passado quando estive lá.Chorei na mais pura emoção de estar lá, realizando ,um sonhe de tantos anos.Indescritível...Comprei duas camisas com a gravação do Monte, e hoje mesmo estava usando uma
Beijos
Waldyr
Não a conheço, mas também quero agradecer por sua linda e detalhada narrativa. Me transportou para lá, antecipando a realização de um sonho que também compartilho. bjos e luz! Continue!
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