Visitei no Instituto Moreira Salles, Rio de Janeiro, uma
fantástica exposição que reúne cem obras
de dois grandes artistas: Raphael
Domingues (1912-1979) desenhos e Emygdio de Barros (1895-1986) pintura. Ambos
diagnosticados como portadores de esquizofrenia. A exposição homenageou a memória da psiquiatra Nise da
Silveira que criou o ateliê de artes do Setor de Terapêutica Ocupacional e
Reabilitação, mantido no Centro Psiquiátrico Nacional hoje Instituto Municipal,
lutou bravamente contra os procedimentos
agressivos aplicados nos anos 1940 em doentes mentais, como lobotomia, choque
elétrico e injeções de insulina.
Em seu ensaio sobre a obra de Emygdio de Barros, o curador
Rodrigo Naves, após examinar as obra do pintor, considera alguma semelhança em
relação às obras de Matisse, Munch. “Sua
formação num contexto social hostil paradoxalmente o levou a buscar harmonia
por meio de uma intensidade cromática, não ilusionista, como a dos
expressionistas.” Naves cita como exemplo o contraste entre a paz interior de
um homem trabalhando em seu ateliê e a paisagem em movimento desestabilizador
vista através da janela numa de suas telas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário