(Para Lindemberg)
Luiz Lyrio
Uma arma não é um simples instrumento de matar. É um instrumento de poder. Ter uma arma nas mãos, dominando a técnica de manejá-la, traz um sentimento indescritível de onipotência. que supera todo e qualquer ensinamento pacifista. baseado em frases feitas e em princípios rígidos.
No mundo, durante um bom período da nossa história, mandou quem usava e, principalmente, quem controlava quem usava armas. Exercia o poder quem contava com a onipotência das armas. Deixava-se dominar quem se via impotente diante da força das armas. O onipotente submeteu o impotente desde o início dos tempos. Não foi à-toa que alguém disse um dia: “Contra a força não há resistência”.
Entretanto, quem conhece a História sabe que o predomínio da inteligência sobre a força foi um ingrediente importante da evolução humana. O uso da força das armas trouxe muito mais desgraças e destruição do que benefícios para o homem e parte de nós, pelo menos, aprendeu que o recurso às armas nunca solucionou problemas e nunca trouxe progresso para a humanidade.
Diante do crescimento da violência urbana, não são poucas, no Brasil, as pessoas que acham que o cidadão deve armar-se para defender-se dos criminosos que infestam o país. Entretanto, essas pessoas estão terrivelmente equivocadas. Um homem de bem não precisa, para se defender, de lançar mão de artefatos ou seres vivos (como cães ferozes, por exemplo) que podem, inclusive, ferir ou matar pessoas inocentes. Um homem de bem usa a lei, o poder da palavra, a denúncia pública ou anônima de criminosos e a proteção das forças de segurança para se defender de quem vive fora da lei.
O uso de armas por cidadãos comuns destituídos de poder de polícia e de treinamento adequado, tem se mostrado cada vez mais desastroso. Todo dia, morrem inocentes vítimas da imperícia de um irresponsável que resolveu armar-se “para defender sua família”. Todo dia, os jornais nos contam histórias de cidadãos “de bem” que mataram no trânsito, assassinaram mulheres que os rejeitaram ou executaram vizinhos que os irritaram por motivos fúteis. E é muito comum uma criança se apoderar da arma de um “homem de bem” e matar acidentalmente outra criança.
Homens de bem não gostam de armas. Homens de bem sabem que armas trazem muito mais desgraças do que as evitam. Se fosse feita uma pesquisa séria, com testes supervisionados por psiquiatras e psicólogos competentes, provar-se-ia que a maioria das pessoas que optam por se armar, excetuando-se parte daquelas que usam armas por exigência de ofício, são pessoas portadoras de algum desequilíbrio que poderá ou não manifestar-se em algum momento de suas vidas, provocando uma tragédia.
A humanidade não se divide em bons e maus, como imaginam os autores de novelas. A coisa é bem mais complicada. Porém uma divisão básica nos ajuda muito a compreender melhor a humanidade. Entre nós, existem dois tipos de seres humanos bastante distintos: os que gostam de usar armas e são capazes de matar um semelhante seu e os que abominam as armas e jamais seriam capazes de tirar a vida de um ser humano. Quem opta por conviver com os últimos, tem sorte e ainda conta com um competente anjo da guarda ao seu lado tem maior probabilidade de desfrutar de uma vida longa e tranqüila.
Luiz Lyrio – Professor de História e autor de NOS IDOS DE 68.
Rua Campo do Brito, 162 – B. 13 de Julho – Aracaju – SE - Tels. (079)32131351/(031)92561840
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