A cidade dos pequenos sonhos, Capa e algumas poesias de Maria J Fortuna, junto à outros autores como Rosane Zanini.
Poemas de Maria J Fortuna, na Antologia Cidade dos Pequenos Sonhos, editada na Suíça pela Editora Rosane Zanini
Dia de chuva
Corpo embalado
Pelas ondas do sem tempo
Sono tranquilo
Nas estrelas sem espaço
Vozes infantis
Como cigarras chamando chuva
Ecoando em meu corpo
Escuto o ploc ploc
Das perolas cristalinas
Caindo como flores d`água
nas sombras da infância.
Maria J Fortuna
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Regentag
Körper, hin- und hergewogen
durch die zeitlosen Wellen
Ruhiger Schlaf
in den raumlosen Sternen
Kinderstimmen
wie Zikaden, die den Regen rufen
In meinem Körper widerhallend
Höre ich das Ploc Ploc
von kristallklaren Perlen
die wie Wasserblumen fallen
in die Schatten der Kindheit.
Maria J Fortuna
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Núpcias
Sinta-se à vontade
Sol que penetra nas fendas
Da porta lacrada dos meus sonhos
Hoje te dou bom dia
De braços aberto rompo a túnica do silencio
Quando sorrateira noite se arrastar
Trarei a donzela inocência
Com vestido bordado de raios de lua
E tu casarás com ela
Maria J Fortuna
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Hochzeit
Du kannst dich wohl fühlen
Die Sonne dringt durch die Ritzen
der versiegelten Tür meiner Träume
Heute sage ich Dir guten Tag
Mit offenen Armen breche ich den Mantel des
Schweigens
Wenn die hinterhältige Nacht am stillsten ist
werde ich Dir das Unschuld Fräulein
mit Mondstrahlen bestickten Kleid bringen
Und du, du wirst sie heiraten
Maria J Fortuna
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Cavalgada
Passei a noite cavalgando sonhos...
Vestida eu, em corpo de menina
Suspirei meus derradeiros ais
Quando a espuma das ondas do mar
Sussurrava-me segredos
No balanço da ressaca...
De corpo inteiro o amor brotou das águas
Galopava meus dias de ternura
Espargia perfume em toda orla do meu ser
Esperou até que o sol emergisse das marés
Com esperança nascendo nos braços do medo
Então segui, silenciosamente, na linha do
horizonte...
Maria J Fortuna
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Ritt
Ich verbrachte die Nacht mit dem Reiten der Träume
Gekleidet in den Körper eines Mädchens
seufzte ich mein letztes Oh Wehe!
Als im Schaukeln der Brandung
der Schaum der Meereswellen
mir Geheimnisse zuflüsterte...
Die Liebe stieg aufrecht aus dem Wasser
Sie ritt meine Tage der Zärtlichkeit
und verstreute Parfumduft über mein ganzes Wesen
Sie wartete bis die Sonne aus den Gezeiten
auftauchte
Mit der Hoffnung, die aus den Armen der Angst
wuchs,
folgte ich dann, leise, dem Horizont...
Maria J Fortuna
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Os meninos
Onde estão os meninos
que enfeitam o tempo?
Ouço suas vozes,
quando o vento corre solto...
Com cheiro de pastilhas de hortelã
sujos de lama fresca da terra
que lhes dá guarida
Deitados na lua minguante
espreguiçam-se no tempo
longe das guerras...
Maria J Fortuna
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Die Knaben
Wo sind die Knaben,
die die Zeit schmücken, geblieben?
Ich höre ihre Stimmen,
wenn der Wind frei herumläuft...
Mit dem Duft von Pfefferminzbonbons
beschmutzt mit frischem Schlamm
was ihnen Unterschlupf gibt
Unter dem abnehmenden Mond liegend
faulenzen sie in der Zeit
weit weg von den Kriegen...
Maria J Fortuna
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As meninas e a santa
Nas mãos de duas meninas
a roupa de brocado da santa
O tecido filigranado
claro como nuvem,
pespontado com fios de ouro!
As meninas,
confundem-se ao ritual do pesponto
No baú dos antepassados
Elas sorriem com graça e beleza
algo assim diáfano
vestindo a Mãe de Deus
Numa janela,
que parece olho da eternidade,
a santa fita o mar...
pela janela do templo
Hoje,
não há mais meninas
O tempo às carregou
fingindo-se de imóvel
a santa sim, continua a
Olhar, olhar, olhar
o infinito no mar...
Maria J Fortuna
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Die Mädchen und die Heilige
In den Händen zweier Mädchen
liegt das Brockatkleid der Heiligen
Der filigrane Stoff
hell wie eine Wolke,
mit Goldfäden gestickt!
Die Mädchen,
lassen sich durch das Ritual des Nähens täuschen
In der Schatulle der Ahnen
Lächeln sie, etwas durchsichtig
mit Anmut und Schönheit
während sie die Mutter Gottes kleiden
Durch ein Fenster
das wie des Auge der Ewigkeit erscheint
schaut die Heilige auf das Meer...
durch das Fenster der Zeit
Heute
gibt es keine Mädchen mehr
Die Zeit hat sie mitgenommen
Und die Heilige, immer noch,
als sei sie gelähmt,
schaut schaut schaut
auf die Unendlichkeit im Meer...
Maria J Fortuna
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