domingo, 1 de dezembro de 2013

Reencontrar-se


 
O Espelho de Picasso



Maria J Fortuna

 

Todo mundo tem dentro de si o eu verdadeiro. É preciso preparar o campo para que ele se revele.  Toda  a  luta contra a nossa sociedade capitalista, que cultiva o consumismo e a hipocrisia,  é a  busca da nossa verdadeira identidade. Para os que creem ou não em um Deus onipresente, é necessário resgatar-se  desse sufoco pelo domínio do poder, das novas tecnologias viciantes, etc...  No meio poluído, em todos os aspectos em que vivemos, fica cada vez mais difícil o “Conhece-te a ti mesmo”. A ocultação do eu, que eu chamo de alma, começa desde a infância, quando obrigamos os pequenos a enxergar através de nossa visão já poluída por circunstâncias que levam ao afastamento do ser, portanto a perda de si mesmo, para se adequar a uma falsa realidade.   Tudo contribui para esse desfoque: atitudes preconceituosas, fanatismo religioso, o cultivo da ignorância pelos poderosos da nações.
Todo mundo tem uma voz interior que clama por ser ouvida. Mas, tragicamente, há vidas que passam pela Terra e partem sem que isso aconteça. Isto porque, por um lado,  foram envolvidas na trama que o poder econômico articula em prol da alienação dos povos. Por outro, o vício da dominação de um membro sobre o outro  invade as famílias, e a disputa se torna catastrófica para as gerações que aí estão e as que virão.
 Para isso, nada melhor do que a propagação daquilo que pode nos fazer medo. No caso, os horrorosos noticiários de rádio e TV  que  acontecem 24h em nosso dia a dia, trazendo o medo que paralisa as pessoas. A sociedade cria uma expectativa de comportamento, o chamado “politicamente correto”, que é sempre um convite para mascarar nossa própria identidade.  Pe Fábio de Melo em seu livro Quem me roubou de mim, chama esse processo de  des identificação, sequestro do eu.  Onde entregamos ao outro nossa liberdade de ser e agir. Toda nossa luta diária para proteger ou buscar o eu verdadeiro, resulta no reconhecimento de quem sou e quais são meus limites e possibilidades neste mundo.
Em dado momento, se nos encontramos e nos reconhecemos. É como se partíssemos  uma pedra dura e  fria e,  oculta dentro dela,   déssemos com  nossa verdadeira forma em essência. Sinto esse momento como se a alma rompesse a pedra-casulo  e de lá saísse uma borboleta azul fluorescente! Quebrasse o vidro das bandejas, vendidas aos turistas, que as aprisionam como enfeite, e elas se despregassem dali  em forma de bailado, voando para bem longe daquela opressão. Sutil e suavemente...
Mas não existe viagem mais fascinante do que para o interior de nós mesmos.  Existem as falsas viagens através de drogas e álcool em excesso, mas seria como invadir os portais da mente, para mim um templo,  para fugir ou se extasiar diante do “belo”. Há outros meios para buscar o verdadeiro encontro ou reencontro. De perceber a Beleza!
Pertencer a si mesmo não é uma tarefa fácil. Num jardim todas as flores são belas, mas o ato de escolher uma ou algumas quer dizer renunciar a todas as outras. Diante da Natureza maravilhosa em que vivemos, torna-se difícil escolher sem apego, outro obstáculo o qual sempre nos defrontamos. 
Às vezes ficamos tão perdidos dentro de nós mesmos que, ou optamos por um reencontro através de uma terapia ou meditação, ou começamos a entrar no trágico processo de nos convencermos que não há, para nós,  outra alternativa que “amar” o dominador e fingindo  ser o que não somos. O que eliminaria a  possibilidade   deste encontro que deve ser amoroso e diário.
Vale a pena arriscar-se a cada momento a ser estranha... Diferente! Faz parte. Mas a recompensa é maravilhosa!  É o que fazia Einstein na  Segunda Guerra Mundial durante a terrível perseguição aos judeus. Ele judeu, no ato de se reencontrar,  tocava seu violino...

 

6 comentários:

ALMIRA LIMA disse...

Prezada Colega de "escrever":

Parabéns pelo artigo e poema que acabo de apreciar!
Sou Almira LIma,gosto tb muito de escrever e oportunamente te enviarei algum poema meu ou artigo///
Trabalhyo como psicóloga e minhas poesias considero "terapêuticas"

Meu abraço amigo //ALMIRA

ALMIRA LIMA disse...

Ja fiz um comentario e não entendo as demais burocracias !

Abraço///ALMIRA LIMA

MJFortuna disse...



Eliana Angélica de Sousa


10:17 (13 horas atrás)


O que acho mais incrível em você é a sua maneira, o seu jeito de transmitir em versos e prosas, com ternura e beleza, seja qual tema for.
Você nos dá uma chance constante de relembrar que em nós existe uma alma sublime e que esta sim, é verdadeira e pura.
Muito grata. Parabéns!

eliana

Margaret disse...

Querida Maria,

Lindo texto! Precisamos permanentemente relembrar essa difícil tarefa de conhecermos a nós mesmos. Tudo que você disse é tão lindo e verdadeiro.
Obrigada.Parabéns!
bjão

MJFortuna disse...





Antonia Araujo

11:00 (11 horas atrás)


AMEI!

MJFortuna disse...







MARIA DO CÉU


3 de dez (2 dias atrás)


Obrigada, Mariinha, pelo “REENCONTRAR-SE”.

Estamos todos tão apartados de nós mesmos...., não é?

A correria, o excesso de estímulos, os valores que quase nos cegam.

Tarefa de gigante essa do reencontro consigo mesmo.

Do retorno às nossas intenções originais. Do resgate do eu verdadeiro... A reconciliação com o melhor de nós. Antes que tudo se perca ...

Será que conseguiremos?

Beijo de afeição fraterna. Cecéu.


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