Maria J Fortuna
Todo
mundo tem dentro de si o eu verdadeiro. É preciso preparar o campo para que ele
se revele. Toda a luta contra a nossa sociedade capitalista,
que cultiva o consumismo e a hipocrisia, é a busca da nossa
verdadeira identidade. Para os que creem ou não em um Deus onipresente, é
necessário resgatar-se desse sufoco pelo domínio do poder, das novas
tecnologias viciantes, etc... No meio poluído, em todos os aspectos
em que vivemos, fica cada vez mais difícil o “Conhece-te a ti mesmo”. A
ocultação do eu, que eu chamo de alma, começa desde a infância, quando
obrigamos os pequenos a enxergar através de nossa visão já poluída por
circunstâncias que levam ao afastamento do ser, portanto a perda de si mesmo,
para se adequar a uma falsa realidade. Tudo contribui para esse
desfoque: atitudes preconceituosas, fanatismo religioso, o cultivo da
ignorância pelos poderosos da nações.
Todo
mundo tem uma voz interior que clama por ser ouvida. Mas, tragicamente, há
vidas que passam pela Terra e partem sem que isso aconteça. Isto porque, por um
lado, foram envolvidas na trama que o poder econômico articula em prol da
alienação dos povos. Por outro, o vício da
dominação de um membro sobre o outro invade as famílias, e a disputa
se torna catastrófica para as gerações que aí estão e as que virão.
Para
isso, nada melhor do que a propagação daquilo que pode nos fazer medo. No caso,
os horrorosos noticiários de rádio e TV que acontecem 24h em nosso
dia a dia, trazendo o medo que paralisa as pessoas. A sociedade cria uma
expectativa de comportamento, o chamado “politicamente correto”, que é sempre
um convite para mascarar nossa própria identidade. Pe Fábio de Melo em
seu livro Quem me roubou de mim, chama esse processo de
des identificação, sequestro do eu. Onde entregamos ao outro nossa
liberdade de ser e agir. Toda nossa luta diária para proteger ou buscar o eu
verdadeiro, resulta no reconhecimento de quem sou e quais são meus limites e
possibilidades neste mundo.
Em dado
momento, se nos encontramos e nos reconhecemos. É como se partíssemos uma
pedra dura e fria e, oculta dentro dela, déssemos com
nossa verdadeira forma em essência. Sinto esse momento como se a alma
rompesse a pedra-casulo e de lá saísse uma borboleta azul fluorescente! Quebrasse o
vidro das bandejas, vendidas aos turistas, que as aprisionam como enfeite, e elas se despregassem
dali em forma de bailado, voando para bem longe daquela opressão. Sutil e
suavemente...
Mas não
existe viagem mais fascinante do que para o interior de nós mesmos.
Existem as falsas viagens através de drogas e álcool em excesso, mas seria como
invadir os portais da mente, para mim um templo, para fugir ou se
extasiar diante do “belo”. Há outros meios para buscar o verdadeiro encontro ou
reencontro. De perceber a Beleza!
Pertencer
a si mesmo não é uma tarefa fácil. Num jardim todas as flores são belas, mas o
ato de escolher uma ou algumas quer dizer renunciar a todas as outras. Diante
da Natureza maravilhosa em que vivemos, torna-se difícil escolher sem apego,
outro obstáculo o qual sempre nos defrontamos.
Às vezes
ficamos tão perdidos dentro de nós mesmos que, ou optamos por um reencontro
através de uma terapia ou meditação, ou começamos a entrar no trágico processo
de nos convencermos que não há, para nós, outra alternativa que “amar” o
dominador e fingindo ser o que não somos. O que eliminaria a
possibilidade deste encontro que deve ser amoroso e diário.
Vale a
pena arriscar-se a cada momento a ser estranha... Diferente! Faz parte. Mas a
recompensa é maravilhosa! É o que fazia Einstein na Segunda Guerra
Mundial durante a terrível perseguição aos judeus. Ele judeu, no ato de se
reencontrar, tocava seu violino...
6 comentários:
Prezada Colega de "escrever":
Parabéns pelo artigo e poema que acabo de apreciar!
Sou Almira LIma,gosto tb muito de escrever e oportunamente te enviarei algum poema meu ou artigo///
Trabalhyo como psicóloga e minhas poesias considero "terapêuticas"
Meu abraço amigo //ALMIRA
Ja fiz um comentario e não entendo as demais burocracias !
Abraço///ALMIRA LIMA
Eliana Angélica de Sousa
10:17 (13 horas atrás)
O que acho mais incrível em você é a sua maneira, o seu jeito de transmitir em versos e prosas, com ternura e beleza, seja qual tema for.
Você nos dá uma chance constante de relembrar que em nós existe uma alma sublime e que esta sim, é verdadeira e pura.
Muito grata. Parabéns!
eliana
Querida Maria,
Lindo texto! Precisamos permanentemente relembrar essa difícil tarefa de conhecermos a nós mesmos. Tudo que você disse é tão lindo e verdadeiro.
Obrigada.Parabéns!
bjão
Antonia Araujo
11:00 (11 horas atrás)
AMEI!
MARIA DO CÉU
3 de dez (2 dias atrás)
Obrigada, Mariinha, pelo “REENCONTRAR-SE”.
Estamos todos tão apartados de nós mesmos...., não é?
A correria, o excesso de estímulos, os valores que quase nos cegam.
Tarefa de gigante essa do reencontro consigo mesmo.
Do retorno às nossas intenções originais. Do resgate do eu verdadeiro... A reconciliação com o melhor de nós. Antes que tudo se perca ...
Será que conseguiremos?
Beijo de afeição fraterna. Cecéu.
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